A União Europeia afirmou que a reeleição do presidente da Venezuela, Nicólas Maduro, no dia 28 de julho não pode ser reconhecida, uma vez que a autoridade eleitoral do país não publicou os registros oficiais de votação.

“Os resultados publicados pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela no dia 2 de agosto não podem ser reconhecidos. Qualquer tentativa de atrasar a publicação completa dos registros oficiais de votação só irá lançar mais dúvidas sobre a sua credibilidade. O respeito pela vontade do povo venezuelano continua a ser a única forma de a Venezuela restaurar a democracia e resolver a atual crise humana e socioeconômica”, disse em um comunicado o alto representante da UE, Josep Borrell, numa declaração publicada pelo Conselho Europeu.

Por outro lado, Maduro não aprovou as manifestações expressas pelos 27 membros da União Europeia quanto à legitimidade das eleições presidenciais do seu país. O presidente venezuelano acusou o alto representante da diplomacia da UE e o bloco europeu de hipocrisia, classificando a declaração como "uma vergonha".

"Estamos enfrentando nas ruas da Venezuela um golpe de Estado, um golpe de Estado imperialista, uma emboscada imperialista", reiterou. 

Em reação à contestação da sua reeleição pela oposição e parte da comunidade internacional, Maduro reforçou que o país não aceitará, com as leis nacionais, a tentativa de lhe usurparem novamente a presidência. Além disso, assegurou que as patrulhas militares e policiais vão continuar em todo o país devido às manifestações. Até o momento, aproximadamente duas mil pessoas já foram detidas e também dezenas estão "desaparecidas". 

Já o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, negou que haja uma ordem de prisão contra a líder da oposição, María Corina Machado, e o candidato presidencial da principal coligação da oposição, Edmundo González Urrutia. "Gostaria de vê-la, onde é que ela está? Apresentem essas ordens, vamos vê-las, mas é que neste momento isso não existe. Há uma investigação geral que teve como efeito direto a detenção de pessoas que incendiaram repartições públicas com pessoas no seu interior, o que é extremamente grave", argumentou Saab, mas acrescentou que qualquer dirigente que apele a ações ligadas a atos de terrorismo será detido, sem citar nomes.

Na última quarta-feira, Maduro havia dito que Urrutia e Machado deviam de estar atrás das grades por alegadas ações criminosas.