A Ucrânia prossegue com sua ofensiva em território russo na região de Kursk e atacou a região fronteiriça vizinha de Belgorod, na qual o governador Vyacheslav Gladkov declarou estado de emergência.

“A situação na região de Belgorod continua extremamente difícil e tensa devido aos bombardeios das forças armadas ucranianas. Casas foram destruídas, civis morreram e ficaram feridos”, acusou Gladkov. Belgorod, que faz fronteira com a região ucraniana de Kharkiv, foi alvo de ataques de drones, confirmou o governador local. 

As forças ucranianas entraram na região de Kursk desde o dia 6 de agosto e tomaram dezenas de zonas, no maior ataque de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial. O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky garante que as tropas do país estão obtendo um bom avanço na região e que Kiev está atingindo os objetivos que traçou. Mas, Zelensky voltou a apelar à comunidade internacional que permita o uso de armas de longo alcance contra o território russo. “Quanto mais ousadas forem as decisões dos parceiros, menos poderá fazer Putin”, acrescentou.

“A criação de uma zona tampão na região de Kursk é um passo para proteger as nossas comunidades fronteiriças dos ataques diários do inimigo”, de acordo com Ihor Klymenko, ministro do Interior da Ucrânia.

O ministro afirmou ainda que os civis russos em partes de Kursk, atualmente controladas pelo exército ucraniano, foram abandonados por Moscou sem as coisas mais necessárias. “Os militares ucranianos estão coordenando com o meu ministério as necessidades dos habitantes locais em termos de água potável, alimentos, medicamentos e kits de higiene, para que possamos organizar a ajuda humanitária o mais rapidamente possível”, contou Klymenko.

O chefe militar ucraniano, Oleksandr Syrsky, disse que as tropas de Kiev assumiram o controle de aproximadamente 74 localidades. Na segunda-feira, já havia informado que as suas tropas controlavam cerca de mil quilômetros quadrados de território russo.

Por sua vez, o governador regional de Kursk, Alexei Smirnov, disse que 28 povoações tinham sido capturadas pelos inimigos. Já o Ministério da Defesa russo assegurou que as suas tropas continuam a repelir os ataques ucranianos e que “frustraram” os ataques de grupos em veículos blindados.

O governo de Kiev afirmou que não pretende manter o território russo que capturou e se ofereceu em parar os ataques se Moscou concordar com uma “paz justa”. O porta-voz da chancelaria ucraniana, Georgiy Tykhy, indicou que Kiev não estava interessada em se apoderar do território russo e defendeu as ações da Ucrânia como absolutamente legítimas. “Quanto mais cedo a Rússia concordar em restabelecer uma paz justa, mais cedo cessarão os ataques das forças de defesa ucranianas contra a Rússia”, disse Tykhy.

Por outro lado, Putin ordenou que seu exército expulsasse as forças inimigas, enquanto as autoridades russas comunicaram que milhares de habitantes da região já foram retirados da zona da fronteira com a Ucrânia.