Plano orçamentário ainda passará pelo Congresso, onde provavelmente será modificado, mas dá uma ideia das prioridades da Casa Branca.

Por G1

O presidente americano Donald Trump apresentou nesta segunda-feira (12) uma proposta de orçamento de US$ 4,4 trilhões para o próximo ano que, caso aprovado, afastaria ainda mais o governo federal americano de ter as contas equilibradas, mesmo num panorama de 10 anos, e deixando-as na casa do déficit de US$ 1 trilhão.

Também nesta segunda, o líder anunciou um plano de investimento em infraestrutura de até US$ 1,5 trilhão em dez anos, combinando verbas públicas com incentivos para o setor privado (veja mais detalhes abaixo).

O orçamento apresentado indica déficits crescentes no futuro, apesar de grandes cortes em programas domésticos, em grande parte devido à reforma fiscal do ano passado, que deve gerar uma queda nas receitas do governo. O orçamento apresentado ainda não reflete o acordo de US$ 300 bilhões que rejeita totalmente os planos da Trump para reduzir verbas para as agências domésticas.

Trabalho e ambiente

O orçamento do presidente propõe cortes incisivos numa ampla gama de agências do Departamentos de Trabalho e Interior, da Agência de Proteção Ambiental e da Fundação Nacional de Ciência.

O plano Trump de 2019 cortaria o Medicare, o programa governamental de seguro de saúde para os idosos, em US$ 554 bilhões nos próximos 10 anos, uma redução de 6% das despesas projetadas, incluindo cortes nos pagamentos do Medicare para hospitais e centros de reabilitação.

Crivo do Congresso

Os orçamentos presidenciais são muitas vezes inviabilizados quando chegam no Congresso, onde os legisladores interferem com suas próprias prioridades de gastos. Mas o documento representa a visão mais detalhada das prioridades do Executivo americano.

A receita tributária pode decrescer US$ 3,7 trilhões no período 2018-27 em relação às estimativas "basais" do ano passado, segundo projeta o orçamento. Trump solicita um recorde de US$ 686 bilhões para o Pentágono, um aumento de 13% em relação ao orçamento de 2017, aprovado em maio passado.

Nesta segunda-feira, Trump se centrou nos aumentos de gastos que ele favorece e não nos déficits que ele e outros republicanos se comprometeram a reduzir.

"Vamos ter o setor militar mais forte que já tivemos, de longe", disse Trump. "Neste orçamento, cuidamos dos militares, como nunca antes foram cuidados".

Também a segurança nas fronteiras ganharia impulso. O orçamento de Trump inclui dinheiro para começar a construir mais de 100 km de muro de fronteira no sul do Texas, bem como verba para elevar a capacidade das prisões para imigrantes até uma capacidade de 47 mil, além de adicionar 2 mil funcionários da imigração e 750 agentes de patrulha da fronteira.

Plano de infraestrutura

Paralelamente ao envio do plano de orçamento ao Congresso, Trump apresentou nesta segunda-feira (12) seu projeto para "reconstruir a desmoronada infraestrutura" do país, que procura mobilizar até US$ 1,5 trilhão nos próximos dez anos, numa proposta que combina fundos federais e estaduais com incentivos para o setor privado.

"Trata-se do maior e mais ousado plano" do país, disse Trump em um encontro com governadores e prefeitos na Casa Branca, ao informar alguns detalhes da sua proposta.

Desses US$ 1,5 trilhão, US$ 200 bilhões serão fundos federais que o presidente pedirá diretamente ao Congresso durante os próximos dez anos – e estão contemplados na proposta orçamentária.

Trump quer gastar metade desses US$ 200 bilhões em investimentos em nível local, de modo que o governo possa dar um empurrão final de financiamento aos estados e localidades que precisem completar o orçamento de um projeto já em andamento.

O presidente também quer investir US$ 50 bilhões em zonas rurais, como acesso a internet banda larga, e outros US$ 20 bilhões em "programas transformadores" e que reflitam uma "visão de futuro".

"As pessoas das áreas rurais têm ficado para trás", afirmou Trump em seu discurso.

O plano de orçamento mandado ao Congresso prevê um déficit de US$ 984 bilhões em 2019, embora US$ 1,2 trilhão pareça mais plausível após o acordo de orçamento da semana passada, além dos US$ 90 bilhões que serão empenhados na ajuda para regiões atingidas para desastres. Isso é mais do que o dobro do déficit de 2019 que a administração prometeu no ano passado.

Assim, o novo orçamento prevê acumulação de déficit de US$ 7,2 trilhões na próxima década. Já o plano de Trump no ano passado projetava um déficit de US $ 3,2 trilhões em 10 anos.

"Em um ano trabalhando juntos, estabelecemos as bases para uma nova era de grandeza americana", disse Trump na mensagem que acompanha o documento divulgado nesta segunda. "A América está de voltando a ganhar. Um forte espírito de otimismo continua a percorrer nossa nação".

"Muitos orçamentos dos presidentes são ignorados. Mas espero que este seja completamente irrelevante e totalmente ignorado", disse Jason Furman, um dos principais assessores econômicos de Barack Obama quando este era presidente. "Na verdade, o Congresso aprovou uma lei na semana passada, que basicamente desfez o orçamento antes mesmo de ele ser submetido".

As informações são das agências AP e EFE.