O Tribunal Distrital de Jerusalém negou hoje o pedido de membros do Gabinete de Segurança de Israel para dispensar o testemunho do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, nesta terça-feira (10), no julgamento por corrupção.

A petição do Gabinete foi feita ao procurador-geral, Gali Baharav Miara, e ao diretor da Administração dos Tribunais, Tzachi Uziel, na qual alegou a situação atual na fronteira com a Síria, onde Israel enviou suas tropas por razões de segurança após a queda do regime do presidente sírio Bashar al-Assad. "Aqueles que ignorarem este sério aviso podem se tornar responsáveis por falhas de segurança e a história irá julgá-los por isso", ameaçaram os membros do Gabinete de Segurança no texto, onde argumentam ainda  que o atual procedimento da Justiça prejudica gravemente a segurança do Estado.

Os juízes que recusaram o pedido do gabinete israelense assegurou que a gestão do julgamento é realizada com as partes no processo, e somente com elas. "Não foi apresentada qualquer base regulamentar para afastar esta prática, pelo que não há razão para alterar as datas estabelecidas", declarou o tribunal. 

A audiência com o testemunho de Netanyahu estava prevista em novembro de 2023, porém após o começo da guerra na Faixa de Gaza, que tornou a aparição de Netanyahu um risco para a segurança nacional, foi adiada ao longo do ano para terça-feira (10).

Em contrapartida, a equipe jurídica da defesa de Netanyahu alega que o julgamento poderá colocar a sua vida em risco, assim como a gestão do conflito e o trabalho para recuperar os reféns que estão em Gaza.

O primeiro-ministro de Israel responderá por três casos de fraude, suborno e abuso de confiança por alegadamente receber presentes em troca de favores e por exercer pressão para conseguir uma imagem positiva da sua gestão nos meios de comunicação social.

Desde o início, Netanyahu negou os fatos e contou com o apoio dos seus aliados políticos, que garantem se tratar de uma operação da "esquerda judicial" para retirá-lo do poder por meios legais, depois de não o terem conseguido nas urnas.

Em julho, a defesa do primeiro-ministro pediu o adiamento da audiência para março de 2025, no entanto o tribunal rejeitou e marcou para 2 de dezembro, concordando posteriormente em adiar por apenas mais oito dias.

O julgamento teve início em 2020 e mais de 300 pessoas deporam, levando a declaração de Netanyahu para novembro do ano passado, quando os ataques do Hamas de 07 de outubro, e a guerra em Gaza que se seguiu interromperam o processo judicial.