O histórico julgamento de 12 líderes separatistas pela tentativa fracassada de separar a Catalunha da Espanha em 2017 chega ao fim nesta quarta-feira, após quatro meses de audiências que tiveram forte impacto na política espanhola. 

O ex-vice-presidente catalão Oriol Junqueras, outros membros do seu Executivo, a presidente do Parlamento catalão e os diretores de duas associações separatistas poderão fazer suas declarações finais em uma sessão que poderia se estender até quinta-feira.

A sentença levará meses para ser proferida.

O principal protagonista da tentativa de secessão, o ex-presidente regional Carles Puigdemont, não está sendo julgado, uma vez que fugiu para a Bélgica. 

Seu número dois, Oriol Junqueras, enfrenta até 25 anos de prisão por rebelião. Oito outros separatistas também são acusados de rebelião, enquanto os três restantes são julgados por delitos menos graves, como desobediência e peculato.

Para marcar o fim do sensível processo, os separatistas convocaram manifestações em Barcelona, onde instalaram um telão para acompanhar nesta quarta as intervenções daqueles que consideram "presos políticos".

A acusação descreveu os acontecimentos de 2017, que incluíram um referendo ilegal de autodeterminação em 1 de outubro e a declaração pelo Parlamento catalão de uma república que nunca se materializou em 27 de outubro, de "golpe de Estado" em meio a um "clima insurrecional".

Em sua opinião, houve violência, uma questão determinante, já que é essencial para sustentar a acusação de crime de rebelião.

A noção de violência, controversa mesmo entre os especialistas, é categoricamente negada pela defesa, que alega que, no pior dos casos, houve desobediência, um delito que acarreta perda do mandato público, mas não a prisão.

A acusação parte "de um relato de fatos que não corresponde à realidade do ocorrido", considerou nesta quarta-feira Marina Roig, advogada de Jordi Cuixart, um dos acusados.

As visões antagônicas refletem a realidade fora do Tribunal Supremo: mais de um ano e meio da tentativa de independência, o separatismo continua dividindo a população catalã e agitando a política espanhola.

O julgamento "serviu à ala mais dura do movimento de independência para manter viva a chama" de um movimento "sem horizonte", disse à AFP Bartomeus Oriol, professor de ciência política na Universidade Autônoma de Barcelona.

O presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, que iniciou na terça-feira discussões para formar um governo, procura evitar um novo apoio dos separatistas catalães, que desde o início do julgamento fizeram sua vida impossível. Tanto é assim que precipitaram eleições legislativas antecipadas ao rejeitarem o orçamento do Estado.

Cinco dos réus foram eleitos, mas suspensos depois. Um deles, Junqueras, conquistou em maio um assento no Parlamento Europeu.