O grupo terrorista talibã tomou, nesta quinta-feira (12), a estratégica cidade de Ghazni, a 150 quilômetros (km) da capital, Cabul. É a décima capital de província a cair em uma semana, segundo um conselheiro provincial. As autoridades acreditam que a conquista dessa cidade, localizada na estrada principal Cabul-Kandahar, tenha como objetivo tomar a capital afegã.

Posso confirmar que Ghazni caiu esta manhã nas maõs dos talibãs. Eles assumiram o controle de áreas-chave da cidade: o gabinete do governador, a sede da polícia e a prisão", disse à agência France-Presse o chefe do conselho provincial de Ghazni, Nasir Ahmad Faqiri, acrescentando que os combates ainda ocorrem em algumas áreas.

Hoje, o grupo insurgente já controlava toda a cidade e tinha invadido uma prisão e libertado cerca de 400 presidiários, confirmou uma autoridade local. Os talibãs invadiram ainda a sede da polícia de Ghazni e o gabinete do governador.

O ataque começou por volta da meia-noite, com confrontos com as forças de segurança que estavam nas ruas. Segundo a mesma fonte, às 8h (hora local) o grupo terrorista já controlava a maior parte da cidade.

"O comandante da polícia local e o governador estavam desesperados e não tinham outra opção a não ser se render", acrescentou a autoridade. "As pessoas estão se escondendo em suas casas, ninguém está cá fora".

A conquista de Ghazni pelos insurgentes é um duro golpe para o governo afegão, visto que a cidade está numa estrada principal que liga Cabul ao sul do Afeganistão. A invasão da décima cidade ocorre, ainda por cima, dois dias depois de os talibãs terem tomado a cidade-chave de Pul-e-Khumri, a 225 km ao norte da capital, garantindo o controle de um entroncamento rodoviário estratégico que liga Cabul ao norte e ao oeste do país.

O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que a Alemanha não vai enviar nem mais um centavo para o Afeganistão, caso os talibã tomem por completo o país. Da última vez que o movimento esteve no poder, o regime impôs punições a quem ouvisse música, não usasse barba ou não cumprisse regras religiosas.

Já a Turquia, que gera o aeroporto de Cabul, sugeriu que ele se mantenha em operação e ofereceu mais apoio militar para combater a ofensiva terrorista.

Cabul
Quase um terço das 34 capitais de província do país estão agora sob controle do grupo terrorista. À medida que os talibãs tomam o território, dezenas de milhares de afegãos vão abandonando suas casas. Centenas de pessoas foram mortas ou feridas nas últimas semanas.

Também foram registrados confrontos com civis e forças de segurança afegãs, nesta quinta-feira, em Lashkar Gah, uma das maiores cidades na província de Helmand.

O governo, contudo, acredita que vai conseguir defender e manter Lashkar Gah, embora tenha havido um atentado suicida com carro-bomba ontem contra a sede da polícia regional. Alguns agentes renderam-se aos militantes, outros fugiram para o gabinete do governador, que ainda estava nas mãos das forças do governo, disse Nasima Niazi, um deputado de Helmand.

Embora a capital afegã não tenha sido oficialmente ameaçada, o ritmo diário a que os talibãs tomam o resto do país faz com que as autoridades temam não conseguir defender e impedir a invasão a Cabul.

Analistas norte-americanos consideram que a ofensiva em marcha tem como objetivo cercar a capital, isolando as forças afegãs ao norte, para conquistar a região ou para forçar o governo à rendição. Os EUA temem que Cabul seja tomada em menos de três meses.

Os talibãs lançaram grande ofensiva contra as forças do governo de Cabul no início de maio, após o anúncio da retirada final das forças internacionais do Afeganistão, que deve estar concluída no final deste mês.

Localizado na Ásia, o Afeganistão faz fronteira com seis países (Paquistão, Tajiquistão, Irã, Turquemenistão, Uzbequistão e China), sendo a paquistanesa a mais extensa, com 2.670 km.