Segundo a diretora do Programa Alimentar Mundial (PAM), Cindy McCain, o conflito no Sudão pode provocar a maior crise alimentar do mundo, num momento em que a comunidade internacional está com a atenção concentrada na guerra do Oriente Médio. McCain apelou às partes envolvidas no conflito para que parassem de lutar e permitissem que as agências humanitárias prestassem assistência vital a população.
 
"A guerra no Sudão corre o risco de desencadear a maior crise de fome do mundo. As consequências da inação vão muito além de uma mãe incapaz de alimentar o seu filho e irão moldar a região nos próximos anos", alertou a diretora do PAM.
 
A agência das Nações Unidas ainda afirmou que cerca de 18 milhões de pessoas em todo o Sudão enfrentam uma fome aguda, com os mais desesperados encurralados atrás das linhas da frente. Além disso, o conflito também deslocou mais de 10 milhões de pessoas para zonas mais ‘seguras’ no interior do Sudão ou para países vizinhos. Um número recorde de pessoas deslocadas e o maior do mundo atualmente.
 
"Há 20 anos, Darfur sofreu a maior crise de fome do mundo e o mundo se mobilizou para responder, mas atualmente o povo do Sudão foi esquecido", destacou McCain.
 
 As declarações de McCain surgem poucos dias apos o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ter assegurado que a ONU vai continuar a prestar apoio ao povo sudanês 
"As Nações Unidas não vão abandonar o Sudão. Continuam fortemente empenhadas em prestar assistência humanitária vital e em apoiar o povo sudanês nas suas aspirações por um futuro pacífico e seguro. O conflito continua a assolar o Sudão e está minando ainda mais o Estado de direito e a proteção dos civis, assim como pôr em perigo todo o país e toda a região", diz o comunicado do líder da ONU.
 
Guterres também pediu às partes em conflito para que deponham as armas e se comprometam com conversações de paz amplas que possam conduzir à retomada de uma transição democrática liderada por civis.
 
A guerra civil no Sudão eclodiu em abril do ano passado, em Cartum e arredores, devido a divergências entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF) sobre a integração deste grupo paramilitar nas forças armadas, o que causou o processo de transição que se seguiu a derrubada do antigo presidente, Omar Hassan al-Bashir, após 30 anos no poder.