ELEIÇÕES NOS EUA

Missão: desempatar as pesquisas a duas semanas das eleições. Nesta segunda-feira (21), Kamala Harris cortejou os republicanos moderados no "cinturão da ferrugem" ("rust belt", em inglês) e Donald Trump, os indecisos em áreas devastadas pelo furacão Helene na Carolina do Norte.

As últimas pesquisas para as eleições presidenciais nos sete estados-pêndulo -- Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina do Norte, Arizona, Nevada e Geórgia -- publicadas nesta segunda-feira pelo New York Times continuam indicando uma disputa ombro a ombro entre os dois adversários.

O mesmo resultado de outro levantamento realizado pelo Washington Post: 47% têm intenção de votar em Kamala e 47%, em Trump.

Nessa situação, cada um lida com o estresse como pode.

"Ultimamente, acordo durante a noite", "mas faço exercício todas as manhãs" porque é "muito importante" para a "mente, o corpo e o espírito", "como bem" e "faço questão de falar com as crianças e meu marido todos os dias", resumiu a vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca em Michigan (leste).

Kamala, de 60 anos, também viajou a outros dois estados do leste, Pensilvânia e Wisconsin, acompanhada pela ex-congressista republicana Liz Cheney, filha do ex-vice-presidente Dick Cheney (2001-2009) e adversária ferrenha de Trump.

"Não se trata de partido, se trata do que está bom e do que está ruim", declarou Cheney, que incentivou as pessoas a "votarem com consciência".

Nesta segunda, Kamala se concentrou em buscar o voto dos republicanos moderados.

Disse a eles que prestassem atenção em tudo o que Trump diz, porque "é um homem pouco sério, mas as consequências caso ele se torne presidente dos Estados Unidos são brutalmente sérias. Há coisas que ele diz que serão objeto de programas de comédia, risos e piadas, mas as palavras têm significado". 

Inclusive na política externa.

"Se Donald Trump fosse presidente, [o mandatário russo] Vladimir Putin estaria sentado em Kiev" porque o bilionário se deixa manipular por "favores e elogios", afirmou a vice-presidente.

'Pearl Harbor'

Trump diz "ao presidente da Rússia que ele pode sair impune com o que fez" invadindo a Ucrânia, insistiu. "Olhem o mapa, a Polônia seria a próxima".

E criticou o isolacionismo defendido por Trump, adepto do lema "Os Estados Unidos em primeiro lugar" em qualquer circunstância.

Lembrem-se de "Pearl Harbor, da história recente", argumentou Kamala sobre o ataque do Japão à base naval americana que marcou o fim do isolacionismo e a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Nestas eleições, "temos a oportunidade de dizer" que "vamos rejeitar a crueldade", "a crítica vil e odiosa" e "a misoginia que vimos em Donald Trump e JD Vance", seu companheiro de chapa, afirmou Cheney, por sua vez.

O campo democrata elevou o tom das críticas contra o ex-presidente e candidato republicano, a quem acusa de ter um comportamento errático.

Retórica

No último fim de semana, o bilionário deixou muitas pessoas boquiabertas com seus comentários grosseiros, como quando mencionou o órgão sexual "incrível" do finado golfista Arnold Palmer e chamou Kamala Harris de "vice-presidente de merda".

Depois de tentar seduzir os trabalhadores no sábado e fritar batatas em um McDonald's no domingo, o magnata de 78 anos seguiu nesta segunda-feira para a Carolina do Norte.

Neste estado devastado pela passagem do furacão Helene, Trump repetiu teorias conspiratórias que acusam o governo do presidente Joe Biden e a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês) de redirecionarem os fundos para desastres para trazer migrantes ilegais e impulsionar os votos nos democratas.

"Acredito que é uma vergonha o que aconteceu com a Fema, o que aconteceu com seu esforço de resgate [...] quase inexistente", disse Trump, ao lado de autoridades locais que não o contradisseram.

Uma retórica anti-imigrante que ele reiterou em um comício, como faz diariamente.

Acusou a vice-presidente de trazer "todos os dias [...] migrantes ilegais que estão estuprando e assassinando mulheres e crianças".

Na realidade, a criminalidade nacional diminuiu, segundo dados oficiais, e o número de crimes atribuídos a imigrantes é muito baixo em proporção ao de estrangeiros em situação irregular.

Se vencer as eleições, o magnata republicano promete ativar uma lei de 1798 para "resgatar cada localidade dos Estados Unidos que tenha sido invadida e conquistada".

À noite, o bilionário participou de um comício para um público cristão. Trump lhes disse que sua fé "ganhou um novo significado" em 13 de julho, quando foi vítima de uma tentativa de assassinato. E acredita que Deus o salvou "com um propósito": dirigir os Estados Unidos.

"Os cristãos não estarão seguros com Kamala Harris como presidente", afirmou.

Liz Cheney, em contrapartida, foi igualmente direta: "Se você não contrataria alguém [Trump] para ser a babá de seus filhos, então você não deveria tornar essa pessoa presidente dos Estados Unidos".