PERU


O presidente interino do Peru, Francisco Sagasti, rejeitou nesta sexta-feira (18) um apelo de militares reformados para que as Forças Armadas impeçam que o candidato de esquerda, Pedro Castillo, seja proclamado vencedor das eleições de 6 de junho.

"É inaceitável [...] que um grupo de aposentados das Forças Armadas pretenda incitar o alto comando do Exército, da Marinha e da Força Aérea a violar o Estado de Direito", disse Sagasti em declaração pela TV.


Centenas de oficiais aposentados assinaram uma carta que, ecoando as alegações de "fraude" feitas pela candidata de direita, Keiko Fujimori, pede aos chefes das Forças Armadas que não deixem que o provável novo presidente seja proclamado de "forma ilegal e ilegítima" pelo Júri Nacional Eleitoral (JNE).


“Em uma democracia, as Forças Armadas não são deliberativas, são absolutamente neutras e respeitam escrupulosamente a Constituição”, afirmou Sagasti, que deve entregar o governo ao novo presidente em 28 de julho.


A carta dos oficiais foi entregue nesta quinta-feira na sede do Comando Conjunto das Forças Armadas, em Lima, enquanto o país aguarda o JNE terminar de resolver as contestações de votos, em sua maioria apresentadas por Keiko, e proclamar o vencedor.


“Pedi à ministra da Defesa [Nuria Esparch] que coordene o envio destas cartas ao Ministério Público, para que [...] sejam realizadas as investigações necessárias para apurar possíveis condutas lesivas à ordem constitucional e estabelecidas as respectivas responsabilidades", disse Sagasti.


A apuração de 100% das mesas de votação terminou na terça-feira e resultou em 50,12% para Castillo, com 44 mil votos à frente de Keiko Fujimori.


A mensagem dos oficiais, que segue outra semelhante, divulgada na segunda-feira por 64 generais e almirantes aposentados, afirma que "altos funcionários do governo" tomaram "parte a favor" de Castillo, o que foi negado por Sagasti.


Keiko Fujimori insiste em denunciar uma fraude eleitoral desde que Castillo passou a sua frente na votação, mas sem fornecer provas concretas. Por outro lado, observadores eleitorais da Organização dos Estados Americanos (OEA) indicaram que a votação foi limpa, sem "irregularidades graves".


Três dias após as eleições, as Forças Armadas pediram aos peruanos que "respeitem" o resultado das eleições. Sagasti pediu, por sua vez, que não seja colocada "em perigo" a democracia, que "nos levou muito tempo e esforço para construir [...] ao longo de nossos turbulentos 200 anos de vida republicana".