TRIBUTOS
 

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu nesta segunda-feira (4) a investigação dos pouco mais de 3.000 mexicanos que supostamente ocultaram bens em paraísos fiscais para sonegar impostos, incluindo um de seus ministros.

"É preciso fazer uma investigação, é preciso ver a quem corresponde. Tem a ver com a questão fiscal. Ver se pagou impostos, quando foram realizadas estas operações", disse o presidente durante sua habitual coletiva de imprensa matinal.


Entre as pessoas identificadas estão três conhecidos milionários, cujas fortunas somam cerca de 30 bilhões de dólares, segundo os Pandora Papers, uma investigação global coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).  


Tratam-se de Germán Larrea, María Asunción Aramburuzabala e Olegario Vázquez Aldir, segundo o jornal El País, da Espanha, que participou do trabalho.


Larrea é proprietário da maior mineradora do México, enquanto Aramburuzabala é a herdeira da cervejaria Modelo e Vázquez Aldir lidera o Grupo Empresarial Ángeles.


Segundo o relatório, apenas 25 dos mexicanos mencionados mandaram cerca de 1,27 bilhão de dólares para jurisdições "offshore", para a compra de bens de luxo.


Constam da lista políticos ligados a López Obrador: Jorge Arganis, ministro das Comunicações e Transportes; o senador Armando Guadiana; Julio Scherer, ex-conselheiro da Presidência, e Julia Abdala, esposa de Manuel Bartlett, titular da Comissão Federal de Eletricidade (CFE). 


López Obrador criticou que a imprensa tenha se concentrado em políticos ligados a ele.


"São 3.000 e aparecem três. Até nos jornais e na mídia em que os donos estão na lista, mostram apenas três", disse.


Apesar disso, o presidente afirmou que todos devem ser investigados e pediu explicações do ministro Arganis, que admitiu ter investido 3 milhões de pesos (150.000 dólares) em 1998 em um fundo de Stanford, os quais assegura ter perdido em meio ao escândalo de fraude desta companhia americana.


Segundo relatório do Tax Justice Project, citado pelo El País, o México perde anualmente mais de 8,25 bilhões de dólares em impostos pelo uso de jurisdições "offshore".