Cristina Cifuentes também protagonizou caso de fraude na obtenção de seu mestrado em Direito

Cristina Cifuentes anunciou, nesta quarta-feira, sua renúncia como presidenta da Comunidade de Madri, na Espanha. Ela tomou a decisão poucas horas depois da difusão de um vídeo que mostra o momento em que a dirigente do Partido Popular (PP) espanhol é retida por um agente de segurança após furtar cremes em um supermercado em 2011, quando era a número dois da Assembleia de Madri. Além desse escândalo, ela também protagoniza o caso do mestrado que supostamente fez em 2012 na Universidade Rei Juan Carlos (URJC), e cuja obtenção, repleta de irregularidades, abriu uma crise na instituição e uma investigação por parte do Ministério Público. “Suportei mais de 34-35 dias de exposição permanente. O que aconteceu hoje passou dos limites”, afirmou Cifuentes, insistindo que o suposto furto foi um erro e um ato involuntário pela qual ela foi alvo de tentativas de extorsão.

“Não quero prejudicar minha família, e por ela tomo minha decisão, para que não continue sofrendo esse calvário. É o melhor para os madrilenhos e para o meu partido”, disse. A já ex-presidenta não admitiu perguntas dos jornalistas nem falou de seu sucessor ou sucessora no cargo.

“Dou um passo atrás para que a esquerda não governe”, declarou a dirigente ao abandonar o cargo. “A resistência das pessoas tem um limite, e o atingi. Saio de cabeça erguida, com um sentimento amargo, mas muito satisfeita. Acredito que fizemos um bom trabalho.” Cristina Cifuentes enfrentava uma moção de censura apresentada pelo PSOE com o apoio do Podemos em resposta à fraude na obtenção de um mestrado em Direito Público do Estado Autonômico. O partido Cidadãos ameaçava se juntar à iniciativa caso a presidenta não se afastasse do cargo. A renúncia elimina a possibilidade de que a moção seja debatida, já que era dirigida contra a política.

A até agora presidenta da Comunidade de Madri e do PP madrilenho se negava a deixar o cargo, embora as irregularidades do mestrado tenham abalado a credibilidade da Universidade e do Instituto de Direito Público (IDP) dessa instituição. Cifuentes considera que as irregularidades que vieram à tona com o caso do mestrado são “administrativas” e de responsabilidade da URJC. Entre elas, a falsificação do certificado do Trabalho de Conclusão do Mestrado. No entanto, a ex-funcionária não foi capaz de demonstrar a defesa desse suposto trabalho, que não aparece em nenhuma parte.

Após as dúvidas geradas pelo mestrado de Cristina Cifuentes, a universidade revisou outros títulos concedidos pelo IDP e destituiu seu diretor, Enrique Álvarez Conde. Entre os alunos ilustres cujos estudos são questionados, encontra-se Pablo Casado, que teve 18 das 22 matérias validadas e que obteve o título com quatro trabalhos de menos de 100 páginas.

O furto de 2011

No vídeo difundido pelo OkDiario, a última informação sobre Cristina Cifuentes de uma série iniciada em 21 de março com o eldiario.es, pode-se ver a então deputada negando ao segurança que ela teria furtado cremes dermatológicos pelos quais acabou pagando. A Polícia, alertada pelo estabelecimento, deixou-a finalmente em liberdade sem levá-la à delegacia.

“Este vídeo obedece a uma situação de um erro involuntário. Levei por engano, e de forma involuntária, alguns produtos de 40 euros (168 reais). Eles me deram os produtos na saída e paguei”, afirmou Cifuentes antes de anunciar sua renúncia. Segundo sua versão, tentaram extorqui-la por causa do vídeo. “Cometi erros pessoais, políticos, de todo tipo, avancei sinais vermelhos”, ironizou a ex-presidenta.

Ela disse que já havia tomado a decisão de renunciar e pensava anunciá-la em 2 de maio. Finalmente, o vídeo precipitou tudo.