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Pode parecer bizarro, mas informar a esses insetos sobre a morte dos monarcas faz parte de uma tradição seguida por séculos no Reino Unido. Acredita-se que, se as abelhas não forem avisadas e passarem pelo momento de luto, elas deixariam a colmeia, parariam a produção de mel ou até morreriam.
Para comunicar o luto oficial das pequenas abelhas, John amarrou uma faixa preta em torno de cada uma das cinco colmeias que estão no Palácio, faz uma oração e conta, em tom ameno, a notícia cruel enquanto dá leves toques nas casas dos insetos.
“A pessoa que morreu é o mestre ou a senhora das colmeias existentes no lugar. Se alguém importante na família morre, você tem que ficar sabendo, não é?”, questiona John ao justificar a prática para o jornal britânico Mail Online.
O costume também foi realizado na Clarence House, outra residência oficial ligada ao Palácio, onde há duas colmeias. Ao todo, cerca de 20 mil abelhas foram avisadas da morte da monarca mais longeva do Reino Unido.
Se a morte da rainha ocorresse no verão londrino, John afirma que seriam mais de um milhão de pequenas produtoras de mel a serem avisadas. De acordo com o apicultor, a maioria das abelhas são da espécie europeia escura, especificamente mestiças de Londres.
Apicultor trabalhava há 15 anos com abelhas quando foi contratado pelo Palácio de Buckingham
Antes do Palácio, John já trabalhava com apicultura há 15 anos, sendo 30 anos no total — ele chama de hobby, já que é aposentado e encontrou no cuidado das abelhas uma forma satisfatória de passar o tempo e ter qualidade de vida.
“Tudo começou com o amor da minha esposa pelo mel. Passei a desenvolver o mel ao manter abelhas na minha casa. Isso me levou a todo o mundo, conheci pessoas maravilhosas e vi belas paisagens que só os apicultores podem ver”, lembrou.
Há 15 anos, John estava em casa entre algumas viagens para ver colmeias e, ao checar o e-mail, recebeu um convite inusitado: o jardineiro-chefe o chamou para conversar sobre abelhas no Palácio. ”Achei que eles tinham um problema com elas, mas fui informado que eles queriam criar os insetos no Palácio. Desde então cuido delas”, lembra.
O homem diz que espera manter o emprego no reinado do Rei Charles III. “Foi um privilégio maravilhoso fazer coisas para a rainha e espero que, agora, faça para o Rei. Espero que eles ainda queiram manter as abelhas em suas instalações. Eles podem pedir para que eu as retire. Eu não acho que isso vai acontecer, mas nunca se sabe”, diz.
Tradição teve ápice nos séculos 18 e 19, mas não tem origem certa
Contar as abelhas era uma prática bem popular nos séculos 18 e 19 na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Além da monarquia, a prática já foi seguida, inclusive, por pessoas do campo que moram na região da Inglaterra, assim como Irlanda, País de Gales, Alemanha, Holanda, França, Suíça e até mesmo os Estados Unidos.
Não há uma origem certa da superstição, mas de acordo com a biblioteca digital para acadêmicos e pesquisadores JSTOR Daily, um poema de 1858 do escritor John Greenleaf Whittier da Nova Inglaterra — chamado Telling the bees ("Conte às abelhas", em tradução do inglês) — traz uma pequena introdução sobre a prática. Ele afirma que a tradição é um “ritual folclórico” de “educar os inconscientes”.
A prática pode ter origem na mitologia celta, onde a presença de uma abelha após a morte significava a alma deixando o corpo. Ao longo dos séculos, foi desenvolvido o costume de contar a vida do apicultor ou do dono das colmeias para a abelha.
Em 1886, o livro A book about bees (Um livro sobre as abelhas) foi lançado pelo apicultor e reitor britânico Charles Fitzgerald Gambier Jenyns, trazia mais detalhes: a notícias tinha que ser entregue a cada colmeia, separadamente, à meia-noite. Outros escritores, como a literária e apicultora Tammy Horn, chegou a dizer que a notícia deveria ser cantada com palavras que rimem.
No poema de John Whittier, o primeiro que registrou o costume na literatura, uma neta conta às abelhas sobre a morte do avô de uma maneira parecida com a qual John Chapple comunicou aos insetos de Elizabeth II.
“Ela canta: ‘fiquem em casa, linhas abelhas, não voem daqui! A senhora Mary está morta e se foi’”, diz o poema. A poesia termina com a comunicação das abelhas, o que é entendido por estudiosos que John queria ressaltar a importância de “um ritual de transmissão da dor humana”.
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O costume também foi realizado na Clarence House, outra residência oficial ligada ao Palácio, onde há duas colmeias. Ao todo, cerca de 20 mil abelhas foram avisadas da morte da monarca mais longeva do Reino Unido.
Se a morte da rainha ocorresse no verão londrino, John afirma que seriam mais de um milhão de pequenas produtoras de mel a serem avisadas. De acordo com o apicultor, a maioria das abelhas são da espécie europeia escura, especificamente mestiças de Londres.
Apicultor trabalhava há 15 anos com abelhas quando foi contratado pelo Palácio de Buckingham
Antes do Palácio, John já trabalhava com apicultura há 15 anos, sendo 30 anos no total — ele chama de hobby, já que é aposentado e encontrou no cuidado das abelhas uma forma satisfatória de passar o tempo e ter qualidade de vida.
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Há 15 anos, John estava em casa entre algumas viagens para ver colmeias e, ao checar o e-mail, recebeu um convite inusitado: o jardineiro-chefe o chamou para conversar sobre abelhas no Palácio. ”Achei que eles tinham um problema com elas, mas fui informado que eles queriam criar os insetos no Palácio. Desde então cuido delas”, lembra.
O homem diz que espera manter o emprego no reinado do Rei Charles III. “Foi um privilégio maravilhoso fazer coisas para a rainha e espero que, agora, faça para o Rei. Espero que eles ainda queiram manter as abelhas em suas instalações. Eles podem pedir para que eu as retire. Eu não acho que isso vai acontecer, mas nunca se sabe”, diz.
Tradição teve ápice nos séculos 18 e 19, mas não tem origem certa
Contar as abelhas era uma prática bem popular nos séculos 18 e 19 na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Além da monarquia, a prática já foi seguida, inclusive, por pessoas do campo que moram na região da Inglaterra, assim como Irlanda, País de Gales, Alemanha, Holanda, França, Suíça e até mesmo os Estados Unidos.
Não há uma origem certa da superstição, mas de acordo com a biblioteca digital para acadêmicos e pesquisadores JSTOR Daily, um poema de 1858 do escritor John Greenleaf Whittier da Nova Inglaterra — chamado Telling the bees ("Conte às abelhas", em tradução do inglês) — traz uma pequena introdução sobre a prática. Ele afirma que a tradição é um “ritual folclórico” de “educar os inconscientes”.
A prática pode ter origem na mitologia celta, onde a presença de uma abelha após a morte significava a alma deixando o corpo. Ao longo dos séculos, foi desenvolvido o costume de contar a vida do apicultor ou do dono das colmeias para a abelha.
Em 1886, o livro A book about bees (Um livro sobre as abelhas) foi lançado pelo apicultor e reitor britânico Charles Fitzgerald Gambier Jenyns, trazia mais detalhes: a notícias tinha que ser entregue a cada colmeia, separadamente, à meia-noite. Outros escritores, como a literária e apicultora Tammy Horn, chegou a dizer que a notícia deveria ser cantada com palavras que rimem.
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“Ela canta: ‘fiquem em casa, linhas abelhas, não voem daqui! A senhora Mary está morta e se foi’”, diz o poema. A poesia termina com a comunicação das abelhas, o que é entendido por estudiosos que John queria ressaltar a importância de “um ritual de transmissão da dor humana”.