SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A polícia da Malásia disse nesse sábado (21) que prendeu 355 pessoas em uma ampla operação que apura abusos sexuais e agressões físicas contra crianças e adolescentes em centros de acolhida em todo o país do sudeste asiático.

As autoridades acusam a empresa GISB (Global Ikhwan Service and Business Holding), que gerencia centros de acolhida, de saúde e educativso, de administrar "centros de terror" e de ter vínculos com a seita islâmica Al-Arqam, proibida no país desde 1994.

Entre as pessoas presas no sábado estão o diretor executivo da GISB, Nasiruddin Ali, e outros 30 membros do conglomerado, de acordo com a polícia. Os acusados foram presos em casa ou em instalações da GISB, como os centros de acolhida, empresas e escolas religiosas.

No último dia 11 a polícia da Malásia já havia prendido 171 pessoas, incluindo professores e educadores religiosos, e resgatou mais de 400 crianças de condições degradantes –as autoridades acreditam se tratar de filhos de membros da GISB.

A empresa nega as acusações de que haja um sistema generalizado de violência nos centros de acolhida administrados por ela, mas seu diretor executivo reconheceu no último dia 14 a existência de casos de abuso sexual.

Até aqui, a polícia disse que médicos atenderam pelo menos 13 crianças vítimas de estupro, e mais de 170 sofreram algum tipo de abuso físico ou emocional. De acordo com a emissora Al Jazeera, algumas das vítimas disseram que eram frequentemente queimadas com colheres de metal aquecidas como punição por desobediência.

A GISB investe em uma série de negócios em mais de 20 países, como supermercados e lavanderias. A seita Al-Arqam, da qual a empresa é acusada de fazer parte, foi fundada em 1968 em Kuala Lumpur, capital da Malásia, e tinha cerca de 200 mil membros ou simpatizantes quando foi proibida pelo governo em 1994. O grupo religioso planejava lançar uma guerrilha no país, de acordo com o governo, com o objetivo de tomar controle do Estado.