Forças de segurança egípcias mataram neste sábado 40 homens suspeitos de terrorismo durante várias operações no Egito, um dia após o ataque a um ônibus turístico vietnamita, o primeiro em mais de um ano em um país que fez da luta antiterrorista uma prioridade.
Três turistas vietnamitas e seu guia egípcio foram mortos na sexta-feira pela explosão de uma bomba caseira na passagem do ônibus em que viajavam perto do local das Pirâmides de Gizé, nos arredores do Cairo.
O Ministério Público informou que uma investigação foi aberta sobre o ataque, que também deixou 11 turistas e o motorista do veículo ferido.
As operações foram dirigidas contra supostos combatentes jihadistas em Gizé, onde o ataque ocorreu, e no norte do Sinai (leste), de acordo com o ministério.
"Quarenta terroristas morreram em operações de segurança, 30 na região de Gizé e 10 no norte do Sinai", segundo a mesma fonte.
"Eles planejaram uma série de ataques contra o setor turístico, locais de culto cristão e forças de segurança", acrescentou.
O ministério não vinculou essas operações policiais com o ataque na sexta-feira - que não foi reivindicado -, mas uma fonte de segurança disse que eles foram realizados no sábado bem cedo, portanto, logo após o ataque.
- Golpe na mensagem -
Desde fevereiro, as forças de segurança conduzem uma ofensiva contra o Estado Islâmico, em particular na região do norte do Sinai, onde cerca de 500 jihadistas foram mortos de acordo com o Exército.
Os ataques no Egito se multiplicaram, especialmente contra as forças de segurança e a minoria cristã copta, desde que o Exército derrubou o presidente islâmico Mohamed Mursi em 2013.
O presidente egípcio, Abdel Fata al Sisi, decretou estado de emergência após os ataques às igrejas em abril de 2017, uma medida continuamente renovada desde então.
O ataque na sexta-feira é o primeiro contra turistas desde julho de 2017. O crucial setor turístico egípcio foi muito afetado pela instabilidade política e pelos ataques de movimentos extremistas, como o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), após a revolução de 2011, que depôs o todo-poderoso presidente Hosni Mubarak do poder
"Esse ataque enfraquece a mensagem do governo egípcio de que o país é seguro para os turistas", disse Zack Gold, especialista em questões de segurança no Oriente Médio e analista do centro americano de pesquisas CNA, falando à AFP.
Após este tipo de ataques, as autoridades anunciam ataques quase sistemáticos e a morte de "terroristas".
A mídia egípcia exibiu neste sábado, na televisão e nas redes sociais, fotos dos supostos jihadistas mortos. Nelas, é possível ver homens ensanguentados e uma arma nas mãos, em esconderijos rudimentares.
Mas os meios de comunicação, sob o controle do Estado, falaram sucintamente do ataque, uma questão sensível no Egito, onde o poder é apresentado como um grande aliado das potências ocidentais na luta contra o terrorismo.
- Impacto -
"Estamos todos muito chocados", declarou à AFP Nguyen Nguyen Vu, 47 anos, irmão de um dos turistas assassinados, Nguyen Thuy Quynh, de 56 anos.
Ele ouviu as notícias à noite depois de uma ligação de seu cunhado, Le Duc Minh, ferido e hospitalizado perto do local do drama.
Segundo Saigon Tourist, a agência que organizou a viagem, os turistas foram a um restaurante para jantar no momento do ataque. Os gerentes da empresa viajarão para o Cairo para acompanhar o caso.
O ministro egípcio do Turismo anunciou que estava em contato com a embaixada do Vietnã para "facilitar os procedimentos de viagem para as famílias dos feridos que desejarem viajar ao Egito".
O maior ataque contra turistas, que foi o golpe mais duro para o setor, remonta a 31 de outubro de 2015.
O EI reivindicou a autoria de um ataque com bomba no qual 224 ocupantes de aviões russos foram mortos após a decolagem do resort de Sharm el-Sheikh, no Sinai.
O Egito registrou recentemente uma recuperação no setor de turismo, com 8,2 milhões de visitantes em 2017, segundo dados oficiais. Mas o país ainda está longe dos 14,7 milhões de turistas em 2010.