A temperatura média global bateu novo recorde pelo terceiro dia em apenas uma semana. Dados analisados por pesquisadores americanos mostram que a temperatura da última quinta-feira, 6, alcançou 17,23ºC, superando o recorde de terça-feira, 17,18ºC e o de segunda-feira, de 17,01ºC.

O aumento está sendo relacionado por cientistas às mudanças climáticas provocadas pelo homem e ao fenômeno El Niño, o aquecimento natural das águas do Oceano Pacífico, que também vem sendo agravado pelo aquecimento global. Ondas de calor estão sendo registradas em várias partes do mundo, como Europa, Estados Unidos e Ásia.

O fenômeno El Niño é considerado a maior flutuação natural do sistema climático terrestre. Acontece a cada três a sete anos, faz com que as águas mais quentes do Pacífico cheguem à superfície do oceano, lançando calor para atmosfera. As mudanças climáticas em curso, no entanto, têm feito com o que o fenômeno se torne cada vez mais frequente e mais intenso.

"Climatologistas não estão surpresos com os recordes diários de temperatura, mas estão muito preocupados", afirmou o especialista em ciência climática do Imperial College de Londres Friederike Otto, em entrevista à BBC. "Deveria ser um alerta para qualquer um que acha que o mundo precisa de mais óleo e gás."

Antes desta semana, o último recorde da temperatura global do planeta havia sido registrado em agosto de 2016 (16,92ºC), e não havia alcançado os 17ºC. Especialistas alertam para o fato de que a maioria das sociedades não está adaptada a situações de calor extremo e os impactos nas pessoas e no meio ambiente podem ser graves.

"A situação que testemunhamos agora é a demonstração de que as mudanças climáticas estão fora de controle", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, em comunicado feito esta semana sobre a situação.

"Se persistirmos em atrasar a adoção de medidas necessárias, estamos caminhando para uma situação catastrófica, como os últimos recordes de temperatura demonstram", acrescentou ele.