Papa Francisco reuniu-se, nesta quarta-feira (22), de forma separada, com familiares de reféns israelenses em Gaza e com palestinos que vivem naquele território, e fez um apelo ao diálogo para evitar uma "montanha de mortos" na guerra. 

"Rezemos pela paz na Terra Santa. Rezemos para que as diferenças se resolvam através do diálogo e da negociação e não com uma montanha de mortos de cada lado", disse Francisco em um vídeo de apelo à paz no mundo e no Oriente Médio.

O pontífice argentino, de 86 anos, havia anunciado no final de sua audiência semanal no Vaticano que recebeu duas delegações, "uma de israelenses que têm familiares reféns em Gaza, e outra de palestinos".

"Sofrem muito e eu ouvi como ambos estão sofrendo", acrescentou o papa.

"As guerras fazem isso, mas aqui nós fomos além das guerras. Isto não é uma guerra, isto é terrorismo", acrescentou, sem especificar se fazia referência aos ataques do Hamas em 7 de outubro contra Israel, à operação israelense efetuada como resposta ou a ambas.

O Vaticano explicou na semana passada que, com os encontros privados, "de natureza exclusivamente humanitária", o bispo de Roma pretendia mostrar sua "proximidade espiritual".

Rachel Goldberg, que teve seu filho Hersh Goldberg-Polin, de 23 anos, sequestrado pelo Hamas, disse que tem esperança na "grande influência" do papa.

"Ele é muito respeitado no mundo muçulmano, no mundo judaico, independente da confissão. Acredito que quando ele fala, o mundo escuta de verdade", declarou em uma entrevista coletiva em Roma, ao lado de outras famílias, após o encontro com o papa, que durou quase 20 minutos.

As famílias pedem permissão de acesso da Cruz Vermelha aos reféns. "Acreditamos que o Santo Padre tem a influência necessária no mundo para que isto aconteça", afirmou Goldberg.

"Meu coração está partido, meus olhos cheios de lágrimas", afirmou Mohamed Halalo, um dos dez palestinos cristãos e muçulmanos recebidos pelo papa, enquanto contava como toda sua família morreu em um bombardeio em Gaza.

Israel e o movimento islamista palestino Hamas anunciaram nesta quarta-feira um acordo que permitirá a libertação de pelo menos 50 reféns israelenses e de presos palestinos, durante uma trégua de quatro dias na Faixa de Gaza, após semanas de bombardeios incessantes.

Durante a trégua, o Hamas libertará 50 mulheres e crianças que foram sequestradas na ofensiva de 7 de outubro no sul de Israel.

Nos ataques, executados de maneira surpreendente e coincidindo com o final de um feriado judaico, o Hamas matou 1.200 pessoas, a maioria civis e de todas as idades. As vítimas foram baleadas, queimadas vivas ou mutiladas. Os combatentes do grupo islamista também sequestraram 240 pessoas.

Israel declarou guerra ao Hamas e, desde então, bombardeia de modo incessante a Faixa de Gaza, que está sob cerco total. Segundo o movimento islamista, que governa o território, os ataques israelenses mataram mais de 14.000 pessoas, a maioria civis e incluindo milhares de crianças.