PEDIDO DE PAZ

Diante da escalada violenta no Oriente Médio, o Papa Leão XIV fez neste domingo (22/6) um apelo urgente à comunidade internacional, pedindo que cesse imediatamente a guerra entre Israel e Irã, agora com a entrada oficial dos Estados Unidos no conflito. A declaração foi feita durante a tradicional oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano, num momento em que o mundo acompanha com tensão os últimos desdobramentos da crise.

Na madrugada deste domingo, os Estados Unidos lançaram um ataque direto contra três instalações nucleares no Irã — em Fordow, Natanz e Isfahan — após dias de intensos confrontos entre Israel e o regime iraniano. O presidente Donald Trump classificou o bombardeio como “muito bem-sucedido” e fez um alerta: “Daqui pra frente haverá paz ou uma tragédia maior para o Irã comparado ao que vimos nos últimos oito dias”.

A ofensiva americana se somou aos ataques de Israel iniciados na noite de 13 de junho, quando Tel Aviv lançou uma poderosa ofensiva contra a infraestrutura nuclear iraniana, matando cientistas de alto escalão, destruindo radares e bases de mísseis, e eliminando lideranças militares, utilizando drones e aviões de guerra que já estavam previamente infiltrados no país. Desde então, o Irã vem respondendo com ataques de mísseis contra território israelense. O bombardeio entre os dois países segue intenso.

“Sucedem-se notícias alarmantes vindas do Oriente Médio, especialmente do Irã. Neste cenário dramático, que inclui Israel e Palestina, leva ao risco de cair no esquecimento o sofrimento quotidiano da população, especialmente em Gaza e em outros territórios, onde a urgência de um adequado apoio humanitário se torna cada vez mais urgente”, alertou o papa.

O papa Leão XIV marcou a data para a canonização do primeiro santo católico da geração millennial. Carlo Acutis será reconhecido oficialmente como santo no dia 7 de setembro.

O pontífice denunciou o impacto humano da guerra, lamentando que o barulho das armas e os discursos de ódio abafem o clamor legítimo da humanidade por paz. “Hoje, mais do que nunca, a humanidade clama e invoca a paz. É um grito que exige responsabilidade e razão, e não deve ser sufocado pelo fragor das armas e por palavras retóricas que incitam ao conflito”, continuou.

Em sua fala, Leão XIV também responsabilizou a comunidade internacional, lembrando que todos os líderes globais — independentemente de suas posições geográficas ou políticas — têm um dever moral de impedir o avanço do conflito. “Cada membro da comunidade internacional tem uma responsabilidade moral: deter a tragédia da guerra, antes que ela se torne um precipício irreparável. Não existem conflitos ‘distantes’ quando a dignidade humana está em jogo”, afirmou.

“A guerra não resolve os problemas, mas os amplifica e produz feridas profundas na história dos povos, que levam gerações para cicatrizar. Nenhuma vitória armada poderá compensar a dor das mães, o medo das crianças, o futuro roubado”, disse. O Papa finalizou seu apelo pedindo que a diplomacia substitua a violência, e que os Estados escolham construir a paz com ações concretas. “Que a diplomacia faça silenciar as armas! Que as Nações moldem seu futuro com obras de paz, não com violência e conflitos sangrentos!”, rogou.

Um apelo à consciência global

A fala do Papa ocorre em um momento crítico. Além do avanço militar, cresce a preocupação humanitária com a população civil em áreas como Gaza, que já enfrenta escassez de alimentos, colapso hospitalar e deslocamento forçado. Com a entrada dos EUA na guerra, a escalada ganha uma nova dimensão global.

Desde o início da crise, especialistas vêm alertando para o risco de regionalização do conflito, com possível envolvimento de aliados como o Hezbollah, a Síria, e potências ocidentais. Após o apelo pela paz, o Papa dirigiu uma saudação especial aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, com destaque para os líderes políticos e municipais. 

Ele também se referiu às celebrações de Corpus Christi em várias partes do mundo, com gratidão às manifestações de fé e arte popular.