A Organização das Nações Unidas (ONU) e o programa da União Europeia Copernicus anunciaram que mais de 16 mil europeus morreram na sequência das alterações climáticas em 2022, sobretudo devido às ondas de calor. Somente no ano passado a Europa aqueceu mais 2,3 graus em relação ao período pré-industrial (1850-1900).
 
"A carga térmica recorde que os europeus vivenciaram em 2022 foi um dos principais impulsionadores do excesso de mortes relacionadas com o clima na Europa. Infelizmente, isso não pode ser considerado um caso pontual ou uma surpresa. A nossa percepção do sistema atual climático e a sua evolução nos dizem que estes tipos de eventos fazem parte de um padrão que tornará os pontos de carga térmica mais frequentes e intensos em toda a região", considerou o diretor do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), Carlo Buontempo.
 
Segundo o relatório Estado do Clima na Europa 2022, o continente tem aquecido duas vezes mais do que a média global desde a década de 1980, com forte impacto no setor socioeconômico e nos ecossistemas da região. De acordo também com o Banco de Dados de Situações de Emergência, os riscos climáticos no ano passado na Europa ainda afetaram diretamente 156 mil pessoas.
 
O relatório divulgado aponta que aproximadamente 67% dos eventos foram inundações e tempestades, representando a maior parte dos prejuízos econômicos totais de quase dois bilhões de dólares. Em paralelo começa hoje, com a presença de representantes e autoridades da UE, a 6ª edição da Conferência de Adaptação Climática da Europa (ECCA), em Dublin, na Irlanda, para a discussão de medidas e metas sobre sustentabilidade e o uso de energias renováveis.
 
Já a Agência Europeia do Ambiente (EEA) declarou que desde 1980, as catástrofes provocadas pelas alterações climáticas provocaram a morte de 195 mil pessoas. "Em 2022, muitos países do oeste e sudoeste da Europa registraram o seu ano mais quente de sempre. O verão foi o mais quente já registrado", disse Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
 
Além disso, Taalas afirmou que as temperaturas altas agravaram as condições de seca severa e generalizada, estimularam os incêndios florestais violentos, que resultaram na segunda maior área queimada notificada, e causaram milhares de mortes devido ao excesso de calor. Diversos países europeus, como, Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha, Portugal, Suíça e Reino Unido tiveram o seu ano mais quente já registrado. A temperatura média anual do último ano ficou entre a segunda e a quarta mais alta já registrada, com cerca de 0,79 graus acima do normal de 1991-2020.
 
Em relação às taxas de aquecimento da superfície oceânica, particularmente no oriente do mar Mediterrâneo, nos mares Báltico e Negro e no sul do Ártico, foram três vezes a mais do que a média global.