MEIO-AMBIENTE


As medidas de confinamento e as restrições às viagens ordenadas pela pandemia causaram melhoras grandes, porém muito breves, da qualidade do ar, além de uma queda da poluição - informou a ONU nesta sexta-feira (3).


Segundo um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial da ONU (OMM), as restrições impostas pela covid-19 no ano passado melhoraram temporariamente a qualidade do ar em vários lugares, principalmente em áreas urbanas.

Também provocaram, no entanto, o aumento de alguns poluentes prejudiciais à saúde. Seu impacto sobre a mudança climática ainda não é claro.

"A covid-19 provou ser um experimento não planejado sobre a qualidade do ar", declarou o chefe da OMM, Petteri Taalas, em um comunicado. "Trouxe melhorias temporárias localizadas", afirmou.

"No entanto, a pandemia não substitui uma ação sustentada e sistemática para amenizar as principais causas da poluição e da mudança climática. Então, precisamos preservar a saúde tanto das pessoas quanto do planeta", afirmou.


A poluição atmosférica - especialmente a causada por micropartículas - afeta, sobretudo, a saúde dos humanos e está relacionada a milhões de mortes todo o ano.

As análises coletadas em dezenas de cidades ao redor do mundo mostravam quedas de até 40% nas concentrações de partículas pequenas durante o período de confinamento total, em comparação com os mesmos períodos de 2015-2019.


Em geral, isso significa que a qualidade do ar melhorou, apesar de ter voltado a piorar quando as emissões poluentes dispararam após o levantamento das restrições.

Embora as emissões provocadas pelos humanos tenham diminuído, os episódios climáticos extremos provocados pelo aquecimento global "geraram tempestades de areia e poeira sem precedentes e incêndios florestais que afetaram a qualidade do ar", disse a OMM.


Além disso, a redução de algumas micropartículas pode acelerar a mudança climática, como as que têm enxofre - que ajudam a resfriar a atmosfera -, explicou Oksana Tarasova, que dirige a divisão de Pesquisa Atmosférica da OMM.

Nos locais onde as emissões causadas pelos humanos caíram, foi registrado um aumento do nível de ozônio, que pode ser perigoso para a saúde humana nas camadas baixas da atmosfera.