A Organização das Nações Unidas (ONU) inseriu o exército israelense, o Hamas e o braço armado da Jihad Islâmica à sua lista de infratores por violarem os direitos das crianças, em seu relatório anual Crianças em Conflitos Armados. A divulgação pública do documento está prevista para quinta-feira, no qual as três entidades, juntamente com as facções do Sudão, são acusadas da morte e mutilação de crianças em números sem precedentes. 
 
“As crianças suportaram o peso da multiplicação e escalada de crises que foram marcadas por um total desrespeito pelos direitos da criança, e o direito inerente à vida”, aponta o relatório, acrescentando que desde o conflito em Gaza houve um aumento de 155% no que classifica como “violações graves” contra crianças. 

Segundo a ONU, em 2023, foram registradas mais de oito mil violações graves contra 4.247 crianças palestinas e 113 crianças israelenses. “A maioria dos incidentes foi causada pelo uso de armas explosivas em áreas povoadas pelas forças armadas e de segurança israelenses”, afirma o documento. As Nações Unidas também indicou que somente no mês passado pelo menos 7.797 crianças foram mortas na guerra em Gaza.
 
Por outro lado, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, reagiu ao anúncio, manifestando estar chocado e enojado com esta decisão vergonhosa. “O Hamas continuará a atacar ainda mais escolas e hospitais porque esta decisão vergonhosa do secretário-geral da ONU apenas dará ao Hamas esperança de sobreviver e prolongar a guerra e prolongar o sofrimento. O Exército israelense é o mais moral do mundo, por isso esta decisão imoral só vai ajudar os terroristas e premiar o Hamas”, disse Erdan.  
 
Já o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, afirmou que a decisão terá consequências graves para as relações de Israel com a ONU.

O Hamas e a Jihad Islâmica ainda não se pronunciaram sobre o relatório da ONU.

O secretário-geral das Nações Unidas elabora anualmente uma lista global de Estados e milícias que ameaçam e violam os direitos das crianças. A lista é depois apresentada ao Conselho de Segurança que decide se tomará medidas contra os infratores.

No ano passado, a Rússia foi adicionada a esta lista pela morte de crianças na guerra na Ucrânia. No entanto, como faz parte dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, não foram aplicadas medidas contra Moscou.
 
Inquérito da ONU acusa Hamas e Israel de crimes contra a humanidade
 
Além disso, uma comissão de inquérito da ONU concluiu que as autoridades israelenses são responsáveis por crimes contra a humanidade, incluindo extermínio, na Faixa de Gaza desde 07 de outubro de 2023. A comissão, criada em maio de 2021 pelo Conselho dos Direitos Humanos, concluiu que foram cometidos os crimes contra a humanidade, de extermínio, assassínio, perseguição com base no gênero direcionada a homens e rapazes palestinos, transferência forçada, tortura e tratamento desumano e cruel.
 
Os investigadores do Conselho de Direitos Humanos da ONU dizem que não há inocentes neste conflito e responsabilizam o Hamas e Israel pela violação do Direito Internacional. Os investigadores das Nações Unidas defendem ainda a responsabilização dos autores de crimes de guerra. Israel, por sua vez, acusou a comissão de discriminação sistemática contra o país.