MIGRAÇÃO

No Dia Internacional dos Migrantes, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou à necessidade urgente de uma gestão segura das migrações, sustentada na solidariedade e no respeito pelos direitos humanos. “Apesar da adoção do Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular, muitas das medidas consagradas no acordo continuem a ser a exceção e não a regra. Hoje e todos os dias, temos de trabalhar para uma gestão mais humana e ordenada da migração em benefício de todos, incluindo as comunidades de origem, de trânsito e de destino", considerou.
 
A ONU estima que há atualmente 114 milhões de pessoas deslocadas, incluindo 36 milhões de refugiados no mundo por conta, principalmente, de conflitos armados, perseguição política ou ainda devido à fome.

Já a diretora-geral adjunta de Operações da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Ugochi Daniels, defendeu que a data é uma oportunidade para a imprensa, juntamente com a comunidade internacional, de trabalharem em conjunto para evitar perpetuar estereótipos sobre os migrantes e reforçar preconceitos negativos ou conceitos errados. Daniels acrescentou que a crise climática poderá ainda expor e deslocar milhões de pessoas por causa das ondas de calor extremas até 2090, num cenário de aquecimento global elevado. 
 
Num momento em que alguns países se fecham cada vez mais à imigração, através do recurso a "pushbacks", transferências forçadas e construção de muros, os números mostram que, apesar do aumento de 30% da migração africana na última década e das narrativas anti-imigração de alguns líderes políticos, existe hoje menos migrantes africanos do que europeus espalhados pelo mundo. "A África representa 16% da população mundial, mas 14% dos migrantes. Se considerarmos a Europa, esta representa 10% da população mundial, mas é quase 24% da migração internacional", indicou Flore Gubert, diretora de investigação do Institut de Recherche pour le Développement 

Segundo dados da OIM são mais de 280 milhões às pessoas que vivem num país diferente do seu país de origem, o que representa menos de 4% da população global. A percentagem se tem mantido estável desde a década de 1960. E, embora haja a ideia regularmente veiculada de que os migrantes africanos pretendem todos chegar à Europa, a maior parte dos africanos migram, sobretudo para outros países africanos vizinhos.

Cresce o número de mortes  
 
Durante todo o ano de 2023, já foram registradas mais de 3.300 migrantes mortos em naufrágios somente no mar Mediterrâneo, uma das rotas mais perigosas do mundo.