Um ano após apresentar na ONU sua visão de um “novo Oriente Médio”, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, encontra-se à beira de uma crise ainda maior. Após prolongar sua chegada aos Estados Unidos, onde participaria da Assembleia Geral da ONU, o líder israelense agora enfrenta críticas internas e internacionais por seu manejo do conflito com o Hezbollah no Líbano e pela crescente violência na Faixa de Gaza.

Segundo informações divulgadas pelo jornalista Andrew Roth, no The Guardian, Netanyahu deverá discursar na sexta-feira durante a Assembleia Geral da ONU, um evento cercado de protestos e expectativas de manifestações. O premiê teria adiado sua viagem devido à situação no Líbano, após uma operação elaborada para desativar milhares de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah. Essa ação pode ser vista como o prelúdio de uma escalada militar ainda maior na região.

A decisão de Netanyahu de adiar sua ida à ONU, onde provavelmente enfrentaria manifestações e condenações, ocorre em meio a rumores de que o Tribunal Penal Internacional (TPI) estaria próximo de emitir um

mandado de prisão contra Netanyahu por crimes de guerra cometidos durante o conflito em Gaza. O TPI estaria analisando acusações relacionadas à morte de mais de 41 mil pessoas durante a escalada do conflito, incluindo 200 trabalhadores humanitários das Nações Unidas. Em meio a essas alegações, a ONU e outras organizações internacionais criticam a resposta militar de Israel, que tem sido considerada desproporcional e indiscriminada.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que não fala com Netanyahu desde o início da guerra, mencionou que estaria disposto a se reunir com ele, caso houvesse interesse. “Não falei com ele porque ele não atendeu minhas ligações, mas não tenho razão para não falar com ele”, disse Guterres, destacando a necessidade de responsabilização pelos ataques que atingiram os trabalhadores da ONU.

Essa situação, no entanto, parece estar se agravando. Além das ações em Gaza, o governo israelense tem ampliado sua ofensiva no Líbano. Após um bombardeio recente em Beirute que matou um comandante do Hezbollah e outras 13 pessoas, o Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que as operações continuarão até que "os cidadãos do norte de Israel possam retornar às suas casas em segurança". Netanyahu parece determinado a levar adiante uma escalada militar, mesmo diante de advertências de países aliados, como os Estados Unidos, que pedem moderação.

Para Netanyahu, o contexto atual é uma reviravolta em relação ao otimismo de um ano atrás, quando comemorava os Acordos de Abraão e vislumbrava uma reconciliação regional, especialmente com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein. Naquele momento, o premiê declarou: “Quando os palestinos perceberem que a maior parte do mundo árabe aceitou o Estado judeu, eles também abandonarão a fantasia de destruir Israel e finalmente abraçarão um caminho de paz genuína”.

Contudo, a atual violência comprometeu essa perspectiva. O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, já declarou que não reconhecerá Israel sem a criação de um Estado palestino, com Jerusalém Oriental como sua capital. Além disso, o possível mandato de prisão do TPI colocaria Netanyahu em uma posição delicada, transformando-o de um líder com ambições regionais em um fugitivo da justiça internacional.

Enquanto as tensões continuam a aumentar, as incertezas sobre os próximos passos de Netanyahu – tanto em relação ao conflito quanto ao cenário internacional – geram ansiedade entre seus aliados e opositores. Com os rumores sobre o TPI circulando e uma escalada iminente no Líbano, o primeiro-ministro se vê em um momento crítico de sua carreira, que pode definir o futuro do Oriente Médio.

 

Fonte:brasil247