A crise econômica global pode piorar ainda mais, após a embarcação com 400 metros de comprimento encalhar, na terça-feira (23), e bloquear a circulação no Canal de Suez, no Egito. É um canal navegável de 193 quilômetros, por onde passa mais de 12% do comércio mundial, segundo dados da Autoridade do Canal de Suez. Quase 19 mil navios passam pelo canal a cada ano. As informações foram publicadas em reportagem da BBC News. 

De acordo com Niels Madsen, vice-presidente de produtos e operações da consultoria dinamarquesa Sea-Intelligence, "se o Canal de Suez permanecer bloqueado por mais 3 ou 5 dias, isso começará a ter ramificações globais muito sérias". A entrevista dele foi concedida à agência Reuters. 

Lars Jensen, analista da consultoria Sea Intelligence, afirmou que, "se partirmos do pressuposto de que os navios estão cheios [...], isso significa [que são] 55 mil TEU (contêineres) por dia de carga da Ásia para a Europa [via canal]". 


"A previsão atual é de que o canal demorará cerca de dois dias para desobstruir, o que acarretará no atraso de 110 mil TEU de carga, o que provocará um pico de carregamento nos principais portos da Europa", disse o consultor, em análise que publicou sobre o assunto. "Em outras palavras, isso aumenta o risco de que veremos congestionamentos nos portos europeus dentro de uma semana", acrescentou.

De acordo com Salvatore R. Mercogliano, especialista em assuntos marítimos e professor de história da Universidade Campbell, da Carolina do Norte (EUA), o bloqueio pode ter "enormes ramificações para o comércio mundial".


"A cada dia que fecha o canal, os navios porta-contêineres e petroleiros não entregam alimentos, combustíveis e produtos manufaturados para a Europa e nenhuma mercadoria é exportada da Europa para o Extremo Oriente", disse à BBC.