IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) - O Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, capital da Cisjordânia, organizou a primeira entrega de ajuda aos 13 refugiados brasileiros que estão em uma escola católica em Gaza.

Foram entregues alimentos, roupas, cobertores e colchões, e foi contratada uma psicóloga palestina para assistir o grupo.

O menino Bader Monir Bader, 11, gravou um vídeo pedindo mais auxílio, inclusive gasolina para o gerador da escola, já que Israel cortou a energia da Faixa de Gaza durante os preparativos para a possível invasão que pretende destruir o grupo palestino Hamas, que governa a região desde 2007 e atacou cidades israelenses no sábado (7).

"Não sabemos por quanto tempo vamos ficar aqui", disse, descrevendo não ter mais casa.

O Itamaraty quer retirar os 28 brasileiros, incluindo 15 que ficaram em casa, que se inscreveram para deixar Gaza por meio da saída sudeste da área, na fronteira com o Egito.

Mas isso depende de tratativas com o governo em Cairo e que Israel concorde em estabelecer um corredor seguro para refugiados. Segundo o embaixador Alessandro Candeas, de Ramallah, Israel também foi alertada sobre a presença do grupo na escola, a Rosary Sister, para evitar bombardeios diretos -o prédio foi alvejado em 2021.

Desde o início desta guerra, ao menos 1.417 palestinos morreram e outros 6.268 ficaram feridos nos ataques realizados por Tel Aviv, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza na manhã desta quinta-feira (12) –tarde no horário local.

Do lado israelense, o número de mortos passa de 1.200.

As Forças de Defesa de Israel afirmam realizar ataques direcionados a alvos do Hamas no território adjacente a Israel. Em uma transmissão ao vivo, o porta-voz dos militares, Jonathan Conricus, afirmou que o esforço é para mapear as instalações, em especial as subterrâneas, que servem de base para terroristas e equipamentos.

Gaza vive um bloqueio desde 2007, com o Egito controlando a fronteira sul. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, está negociando com o Cairo uma forma de liberar a saída, no posto de controle único de Rafah, para um ou dois ônibus com brasileiros.

Não é uma negociação simples, nem exclusiva: os Estados Unidos e outros países com mais moradores na região estão na mesma tratativa. Especula-se um salvo-conduto para até 2.000 pessoas por dia, mas nada está certo.

Para um comboio, por mínimo que seja, deixar a cidade de Gaza rumo a Rafah, seria preciso uma coordenação que parece improvável com as forças de Israel. A agência da ONU na região tenta negociar um corredor para fazer essa retirada também, mas até agora não houve acordo.