GUERRA

Nesta terça-feira (5), a Organização das Nações Unidas (ONU) comunicou que três dos quatro hospitais ainda em funcionamento no norte da Faixa de Gaza sofreram ataques e cerca de nove pessoas morreram. Segundo o relatório diário do escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, os bombardeios atingiram o Hospital Kamal Adwan, em Jabalia, onde se registrou até agora quatro mortos e nove feridos, o centro Al Awda, em Beit Lahiya, com cinco mortos, e o Al Ahly, que não tem um número confirmado de vítimas.
 
O relatório também aponta que mesmo no sul da faixa, as instalações de saúde estão sendo cercadas pelas forças israelitas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu ordens para retirar o seu material médico de dois armazéns naquela área, onde o exército israelita já vai atuar.
 
As Nações Unidas insistem que os hospitais funcionam em situações extremas devido à falta de equipamento e à superlotação, enquanto o Ministério da Saúde de Gaza garante que muitos destes centros médicos estão sobrecarregados pela chegada contínua de cadáveres.
 
A Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU assinalou também que a ajuda humanitária foi reduzida quase pela metade, em comparação com o que conseguiu entrar durante a trégua. "Embora possa parecer impossível, podemos chegar a um cenário ainda mais infernal do que o atual, em que as operações humanitárias não podem acontecer", afirmou Lynn Hastings, chefe humanitário das Nações Unidas.
 
Pelo segundo dia consecutivo, o único local em Gaza onde a ajuda humanitária pôde ser distribuída foi Rafah, perto da fronteira com o Egito, uma vez que mesmo as cidades do sul, anteriormente relativamente livres da ofensiva israelita, como Khan Younis, são agora de difícil acesso devido à extensão dos combates e aos ataques, o que causou um novo êxodo de milhares de deslocados para Rafah, mais ao sul, onde inúmeras pessoas, sem abrigo, estão acampadas nas ruas.
 
A ONU citou que mais de 1,8 milhões de pessoas foram retiradas de suas casas, quase 80% da população total de Gaza, e 1,1 milhões estão refugiados em escolas e outras instalações humanitárias superlotadas.