A advogada Beate Bahner, que acabou se tornando uma “heroína” dos negacionistas da pandemia do novo coronavírus na Alemanha, foi detida no último domingo (12), após agir de maneira confusa na rua e agredir um policial. Depois do ocorrido, ela foi internada em uma clínica psiquiátrica. Beate usava as redes sociais para defender a teoria de que a COVID-19 era "apenas uma gripe” e que as medidas de isolamento social eram  "flagrantemente inconstitucionais" e violariam os direitos fundamentais dos cidadãos em um "nível sem precedentes". A pandemia já provocou a morte de cerca de 3.200 pessoas no país europeu.


Beate ganhou fama após apresentar uma ação judicial no estado de Baden-Württemberg contra as regulamentações impostas pelo governo local para evitar a disseminação do novo coronavírus. Na última semana, ela chegou a levar o caso para o Tribunal Constitucional da Alemanha, a instância jurídica mais alta do país.


A ação, que visava suspender as regulamentações referentes ao controle da pandemia em todos o país, foi rejeitada. Diferente da ação no tribunal estadual, que ainda não foi analisada. No documento, a advogada chegou a comparar a  quarentena "à perseguição e assassinato de judeus" no Terceiro Reich.


Além das medidas, ela é responsável por um manifesto de 19 páginas que viralizou entre os alemães. No documento, Beate afirma que "uma população inteira " teria sido "incapacitada e trancafiada”, e que as medidas impostas pelo governo eram "tirânicas".


Na semana passada, ela ainda convocou um protesto nacional contra a quarentena, batizado de Coronoia 2020. Nunca mais conosco. Nós resistimos. A convocação rendeu a abertura de uma investigação criminal pela promotoria de Heidelberg por instigação de "ato ilegal. As medidas de isolamento em vigor proíbem aglomerações com mais de duas pessoas em toda a Alemanha.
 
Segundo o jornal Die Tageszeitung, ao ter sua queixa rejeitada na Justiça, a advogada declarou que iria devolver sua licença por ter fracassado em "salvar a ordem básica liberal-democrata na Alemanha do mais grave ataque global e do estabelecimento extremamente rápido da tirania mais desumana que o mundo já viu".
 
Publicações e Internação
 
Ainda de acordo com a reportagem do jornal alemão, as publicações de Bernie nas redes nos dias que antecederam a internação estavam cada vez mais paranoicas. Ela chegou a escrever que estava sendo seguida por um helicóptero da polícia e publicou uma carta aberta a uma conhecida escritora alemã que recentemente recebeu críticas por minimizar a pandemia.
 
No sábado, a advogada  publicou um "decreto de ressurreição" em seu site, declarando por conta própria o fim das medidas de isolamento em toda a Alemanha.
 
No dia em que foi presa, enquanto estava andando pelas ruas, Beate Bahner, teve um surto psicótico. Em mensagens deixadas para a irmã, a advogada diz que estava sendo perseguida por “dois assassinos” que estavam em um carro em frente ao seu. Por isso ela dizia ter deixado o veículo e corrido, parando nas proximidades de outro carro com dois ocupantes, que chamaram a polícia.
 
Os policiais afirmam que, assim que chegaram ao local, a advogada pediu aos dois ocupantes que a deixassem entrar no veículo. "Sou a maior inimiga do Estado nesse momento", gritou. Ela tentou resistir à prisão e agrediu um dos policiais. Por isso foi encaminhada ao um hospital psiquiátrico na cidade.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Murta