Sputnik Brasil - A Sputnik entrevistou um octogenário sobrevivente do bombardeio atômico de Hiroshima pelos EUA, um evento doloroso que o convenceu a defender o desarmamento nuclear mundial.

O dia 6 de agosto de 1945 ficou para a história da Humanidade como o dia em que os EUA bombardearam a cidade japonesa de Hiroshima, que quase eliminaram da face da Terra. Como resultado do primeiro uso de armas nucleares em combate na história, toda a vida em um raio de 1,5 quilômetro foi destruída.

Falando pouco antes do 78º aniversário do bombardeio atômico de Hiroshima pelos EUA neste domingo (6), Kazuo Ookoshi, secretário-geral do Conselho de Organizações de Vítimas da Bomba Atômica da Prefeitura de Hiroshima, testemunha e vítima da explosão atômica, contou à Sputnik o que viu naquele dia fatídico.

"Naquele dia, eu estava em um vilarejo a cerca de dez quilômetros da cidade, então o clarão e a onda da explosão também chegaram até mim. O céu escureceu de repente e a famosa 'chuva negra' caiu por quase 40 minutos. Vi peixes mortos flutuando no rio durante essa chuva. Muitas das vítimas, que estavam em péssimas condições, foram colocadas em carros naquela manhã e levadas embora", lembrou ele.

"De acordo com os registros, quase 300 pessoas foram levadas do meu pequeno vilarejo, mas elas não se curaram, mas morreram uma a uma, dia após dia. Eu tinha cinco anos e quatro meses de idade na época e me lembro de como os corpos dos mortos eram queimados todos os dias no crematório temporário que foi construído", disse.

Segundo a testemunha, seu tio morreu no ataque. Ele e mais oito outros familiares são reconhecidos por lei como "hibakusha": sobreviventes do bombardeio atômico.

A experiência dolorosa de Ookoshi o ensinou a condenar os perigos para a vida humana das armas nucleares, que "estão se tornando cada vez mais evidentes à medida que seus testes continuam", e por isso, "a opinião pública a favor da abolição das armas nucleares está crescendo em todo o mundo".

"Acredito que, para que o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares seja realmente eficaz em nível internacional, precisamos de uma estrutura internacional que possa garantir que todos os países ratifiquem o tratado ao mesmo tempo. Isso exigirá o empenho dos políticos e do público em geral", sugeriu o sobrevivente de 83 anos.

"Hoje, quando o perigo do uso de armas nucleares só aumenta, é particularmente importante formar a opinião pública e fazer campanha pela proibição do uso e da destruição das armas nucleares. Acredito que este é um momento crítico na luta contra o uso de armas nucleares", concluiu.