O bebê britânico Alfie Evans, de 23 meses, morreu neste sábado (28) informou seu pai, Tom Evans. Alfie sofria de uma doença degenerativa e seus pais travaram uma longa batalha judicial para conseguir, em vão, prolongar seu tratamento contra a opinião dos médicos. O caso mobilizou até o papa Francisco.
"O meu gladiador ganhou seu escudo e suas asas às 2h30 (hora local). Absolutamente desconsolados" disse o pai de Alfie em mensagem no Facebook.
Alfie Evans sofria de uma rara doença neurológica e estava hospitalizado desde dezembro de 2016, informa a France Presse. Depois de quase um ano e meio de tratamento, os médicos consideravam que não havia mais esperanças para a criança se recuperar. Com o aval da Justiça britânica, o Hospital Alder Hey, de Liverpool, desconectou o suporte vital do menino na segunda-feira (23).
"Queremos expressar nossa sincera simpatia e nossas condolências à família de Alfie", reagiu o hospital Alder Hey através de um comunicado neste sábado. Muitas pessoas se reuniram diante do local nos últimos dias para prestar apoio aos pais do bebê. "Tem sido uma jornada devastadora para eles e pedimos que sua privacidade seja respeitada".
Os pais de Alfie desafiaram a Justiça britânica nos últimos meses e ao hospital onde estava internado em Liverpool para conseguir que seu filho fosse transferido para a Itália, onde um hospital mostrou sua disposição em tratá-lo, informa a agência Efe.
Após a retirada do suporte vital, o menino continuou vivo, o que, segundo o pai, provava que o seu estado de saúde "era significativamente melhor".
"Poderia estar na Itália a essa hora", lamentou Thomas Evans na terça-feira (24). "Eu não o abandono porque Alfie respira, não sofre", reiterou.
Papa pediu que bebê fosse mantido vivo
O papa Francisco se envolveu pessoalmente, depois dos apelos dos pais da criança, informa a France Presse. O sumo pontífice recebeu Thomas Evans em uma audiência privada e fez vários telefonemas pedindo que Alfie fosse mantido vivo.
"Comovido pelas orações e pela ampla solidariedade em favor do pequeno Alfie Evans, renovo meu apelo para que o sofrimento de seus pais seja ouvido e seu desejo de experimentar novas possibilidades de tratamento seja cumprido", tuítou Francisco na segunda-feira.
Com o apoio do papa e do governo italiano, o objetivo dos Evans era levar o menino à Itália, depois que os médicos britânicos decidiram interromper o tratamento, alegando que o sofrimento da criança estava sendo prolongado em vão. Roma chegou a conceder a nacionalidade italiana a Alfie, com a esperança de facilitar sua transferência a um hospital do país.
No entanto, na quarta-feira (25), a Justiça britânica negou um recurso para transferir o bebê à Itália. O juiz Andrew McFarlane, da Alta Corte de Londres, determinou que as apelações apresentadas separadamente pelo pai e pela mãe do bebê, Kate James, "deveriam ser rechaçadas".
Jornada devastadora
O caso de Alfie levantou questões éticas difíceis, como aconteceu com episódios anteriores, como o do menino Charlie Gard, nascido em agosto de 2016 e que sofria de uma doença genética rara, diz a France Presse.
A criança faleceu em julho de 2017, depois que os médicos desligaram sua respiração artificial e após cinco meses de batalha legal dos pais para levá-lo aos Estados Unidos a fim de realizar um tratamento experimental.