MEIO-AMBIENTE

O governo local das ilhas Faroé defendeu nesta terça-feira (14) a morte de mais de 1.400 golfinhos em um único dia durante uma caça tradicional, apesar do mal-estar que provoca, inclusive neste arquipélago nórdico. 


"Não há dúvida de que a caça de cetáceos nas ilhas Feroe é um espetáculo dramático para aqueles pouco acostumados a caçar e matar mamíferos. No entanto, estas caças são bem organizadas e totalmente reguladas", declarou à AFP um porta-voz do governo de Torshavn. 


O "grind" ou "grindadrap", uma tradição ancestral nas ilhas Feroe, território autônomo dinamarquês no Mar do Norte, consiste em cercar,, encurralar com barcos um grupo de pequenos cetáceos em uma baía. Assim, os animais ficam ao alcance de pescadores que ficaram em terra e os matam a facadas. 


As presas costumam ser baleias-piloto, mas no domingo foram 1.423 golfinhos-de-laterais-brancas, cuja caça também está autorizada. A caça ocorreu em um fiorde perto de Skala, no centro do arquipélago. 


"Não temos tradição de caçar estes mamíferos, costuma haver alguns na caça, mas não costumamos matar tantos", explicou um jornalista da TV pública local KVF, Hallur av Rana. 


Segundo ele, uma captura desta magnitude nunca tinha sido realizada. 


Fotos em que mais de mil cetáceos aparecem ensanguentados na praia geraram muitas críticas. 


"Parece bastante extremo e faltou tempo para matar a todos quando geralmente é bastante rápido", acrescentou o jornalista, que afirma que 53% da população do arquipélago é contrário à pesca desta espécie. 


A ONG ambientalista Sea Sheperd considera o "grind" uma "prática bárbara", mas as autoridades das ilhas Faroé sustentam que é um sistema de caça sustentável. 


O produto da pesca não é comercializado, mas a carne é utilizada. 


Segundo estimativas locais, há cerca de 100.000 baleias-piloto nas águas ao redor deste arquipélago de cerca de 50.000 habitantes.