O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, partiu nesta quarta-feira para a China, seu maior aliado, em busca de acordos econômicos, após adotar um plano de medidas com o qual pretende resgatar o país.
"Estou partindo para a República Popular da China para uma visita de Estado muito necessária, muito oportuna e cheia de grandes expectativas (...) para avançar nos novos acordos de associação estratégica no campo econômico, comercial, energético, financeiro, tecnológico", disse Maduro no aeroporto internacional à televisão.
Ao se despedir com honras militares no aeroporto internacional de Maiquetía, que atende a Caracas, Maduro disse que sua viagem também busca aprofundar as "extraordinárias relações políticas" entre os dois países.
"Estamos indo em condições melhores, o programa de recuperação econômica, crescimento e prosperidade foi ativado, vamos melhorar, expandir e aprofundar as relações com essa grande potência mundial", disse ele em uma transmissão da rede nacional de TV.
O presidente pôs em vigor há três semanas um plano de reformas econômicas diante da grave crise que atravessa a Venezuela, com uma severa escassez de alimentos e remédios e uma hiperinflação que poderia superar os 1.000.000%, segundo o FMI.
Maduro, que deixa o país pela primeira vez desde que ele relatou ter sofrido uma tentativa de assassinato em 4 de agosto, não disse por quantos dias ficará na China. "Vejo vocês em poucos dias com grandes conquistas", disse ele.
O gigante asiático tem fortes investimentos em petróleo e é o principal sócio financeiro da Venezuela, que recebeu empréstimos chineses de 50 bilhões de dólares na última década, pagáveis com petróleo.
Desse montante ainda deve 20 bilhões de dólares, cujas condições de pagamento, flexibilizadas em 2016, podem estar sobre a mesa nesta viagem que não havia sido previamente anunciada.
Em 28 de agosto, Maduro assinou sete de 14 acordos com empresas petroleiras de outros países. Entre elas estão a chinesa Shandong Kerui Group e a panamenha Helios Petroleum Services, segundo analistas pouco conhecidas no setor energético.
De acordo com o governo, essas empresas terão "toda a segurança jurídica e facilidades de investimento" para potencializar novamente a Pdvsa.
Os acordos com a China são sensíveis ao que Caracas denuncia como um "bloqueio financeiro" dos Estados Unidos, para onde vende um terço de sua produção de petróleo.
A viagem de Maduro foi precedida por uma visita da vice-presidente, Delcy Rodríguez, e do ministro de Economia e Finanças, Simón Zerpa, que se reuniram nesta quarta-feira com Zheng Jizhe, presidente executivo do Banco de Desenvolvimento da China, que lhe outorgou a maior parte dos empréstimos.
"Revisamos uma década de cooperação financeira com a China e projetamos novas oportunidades no âmbito do programa de recuperação econômica", disse Rodríguez em Pequim.