Durante a Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global em Paris, na França, nesta sexta-feira (23), o presidente Lula (PT) proferiu o discurso mais aplaudido do evento, relata o Valor Econômico. Em uma reação entusiasmada, a fala do mandatário brasileiro se destacou entre as dos demais chefes de governo, líderes de Estado e representantes de organizações internacionais. Lula abordou as exigências da União Europeia (UE) para o acordo com o Mercosul, classificando-as como uma "ameaça" em sua declaração, que durou mais de 20 minutos.

Sentado ao lado do anfitrião, o presidente francês Emmanuel Macron, no Palácio Brongniart, Lula expôs sua preocupação com as condições europeias, que, segundo ele, representam uma barreira para o acordo. Ele ressaltou a importância de repensar a arquitetura do sistema financeiro global e buscar soluções para o financiamento climático. "Estou ansioso para firmar um acordo com a UE, mas a carta adicional proposta por eles impede que isso aconteça", declarou Lula, enfatizando a necessidade de discutir o assunto com mais empenho. Ele questionou a viabilidade de uma parceria estratégica com ameaças presentes em uma carta adicional. Lula salientou: "como resolveremos essa questão?".

A fala de Lula, no entanto, foi muito além. Conforme relata a jornalista Denise Assis em artigo publicado no Brasil 247, o presidente "falou com a autoridade dos que conhecem a fome, das desigualdades e do abismo entre as atividades de países ricos e pobres. (...) Lula mostrou ao mundo a urgência da montagem de um modelo que sirva aos tempos atuais, em que a ONU volte a ser um organismo capaz de colaborar com o ordenamento da paz no mundo, com real autoridade para fazê-lo. Conclamou os chefes de Estado presentes a repensar as suas atitudes e objetivos. Alertou para a nocividade da pobreza para o planeta e o seu futuro. Abriu os olhos do mundo sobre o quanto atraso e clima são temas que caminham juntos para a degradação da humanidade. Tocou com segurança numa necessária mudança da visão econômica do ganha, ganha, apontando que no final todos perderão.  Mostrou a todos que os cinco milhões de quilômetros quadrados de Amazônia são do Brasil, mas servem ao mundo, que deve pagar por isto, ajudando a preservá-la. Citou números do seu país, dos demais continentes e conclamou os seus homólogos a lutar pela paz. Não da maneira demagógica que se costuma falar do tema, mas falando ao que eles todos entendem de sobra: suas caixas registradoras".

Fonte:Brasil247