TRATADO INTERNACIONAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (4), em Berlim, que não vai desistir de lutar pela conclusão do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.  

A declaração ocorreu durante entrevista coletiva na capital alemã, após cerimônia de assinatura de carta de intenção entre os dois países nas áreas de meio ambiente e mudança do clima, agricultura, bioeconomia, saúde, ciência, tecnologia e inovação, desenvolvimento global, integridade da informação e combate à desinformação. 

“Eu só posso dizer para você que não vai ter assinatura [do acordo] na hora que terminar a reunião do Mercosul, que eu tiver o não. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer. Porque, depois de 23 anos, se a gente não concluir o acordo, é porque, eu penso que nós estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que nós temos de avançar nos acordos políticos, sociais e econômicos”, declarou Lula, ao lado do primeiro-ministro alemão Olaf Scholz. 

O brasileiro disse que não vai assinar nenhum tratado enquanto não concordar com as cláusulas do acordo. Segundo ele, há um “momento decisivo" sobre o tema, que vai ser durante a reunião da cúpula do Mercosul, que ocorre nos dias 6 e 7 de dezembro, no Rio de Janeiro.  

“Enquanto eu puder acreditar que eu possa fazer esse acordo, eu vou fazer(...) Eu não vou desistir de lutar”, afirmou o petista. A declaração de Lula ocorreu dois dias após o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmar, durante a COP 28, ser contra o acordo entre os dois blocos econômicos.

Macron alegou que a versão atual não leva em conta a biodiversidade e o clima e que está “mal remendado”. O mandatário francês alega que, uma vez que não considera uma política ambiental condizente com a do governo Lula, a qual elogiou, o acordo se mostra contraditório. 

Negociado entre os dois blocos desde 2001, o acordo está em fase de conclusão, mas segue travado por resistência dos sul-americanos à possibilidade de os europeus imporem sanções a produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas. 

Ainda no domingo (3), Lula reclamou do desinteresse de países da União Europeia em fechar um acordo de parceria com sul-americanos que compõem o bloco do Mercosul. Segundo o petista, o excesso de protecionismo dos europeus, fechados à perspectiva de “qualquer concessão”, é o que vem deixando mais distante as chances de avançar nas negociações.

Lula e Emmanuel Macron se reuniram em Dubai, nos Emirados Árabes, durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP-28. Nesta segunda, o presidente brasileiro disse que respeita o posicionamento dele e que tentou convencê-lo do contrário. “Ontem quando me despedi do Macron, falei: ‘Abra seu coração, converse com a sua esposa e aceite fazer um acordo entre a União Europeia e o Mercosul’. Eu não vou desistir do Macron, eu vou continuar até um dia eu conseguir”, disse Lula em Berlim.

Ele voltou a repetir nesta segunda que os franceses sempre criaram imposições à conclusão do acordo e que foi assim durante os anos anteriores em que foi presidente da República (2003.2010). “Todos com quem eu discuti criaram dificuldade para o acordo. Isso faz 23 anos. Mesmo assim eu ainda estou persistindo. Se eu não persistisse, não teria chegado à Presidência do meu país depois de ter perdido três eleições, completou Lula ao reiterar que nutre esperanças.  

Por sua vez, Olaf Scholz reiterou nesta segunda-feira que é a favor do acordo entre UE e Mercosul. Ele pediu “pragmatismo” e “compromisso” dos membros do parlamento europeu para dar sinal verde para assinatura do tratado entre os dois blocos econômicos.