A Coreia do Norte e o Irã dominarão a reunião de líderes mundiais esta semana na ONU, onde Donald Trump estará na mira, e a busca de avanços na Venezuela será a prioridade dos latino-americanos.
Depois de se aproximar do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e de abandonar o acordo nuclear com o Irã, o imprevisível presidente americano subirá à tribuna na terça-feira (25) para enfrentar, na Assembleia Geral da ONU, inimigos e aliados cada vez mais preocupados, ou irritados.
Na quarta-feira, ele dirigirá pela primeira vez uma reunião do Conselho de Segurança sobre a não-proliferação e as armas de destruição em massa, a qual se concentrará no Irã. A expectativa é de confronto com outras grandes potências sobre esse tema.
"Será a reunião do Conselho de Segurança mais vista na história", afirmou a embaixadora americana, Nikki Haley.
A cúpula vai analisar os avanços nas relações entre as Coreias do Sul e do Norte, assim como entre Estados Unidos e Coreia do Norte para enfrentar a ameaça dos programas de mísseis balísticos e nucleares de Pyongyang.
No ano passado, Trump assustou a comunidade internacional ao ameaçar destruir totalmente a Coreia do Norte e instigar Kim, a quem chamou de "homem-foguete em uma missão suicida".
Na época, Kim rebateu o comentário, chamando Trump de "idoso senil mentalmente perturbado".
Washington mudou de tom, e a expectativa é que o discurso de Trump na Assembleia será "o oposto polar do que ouvimos no ano passado", disse Suzanne DiMaggio, especialista em Coreia do Norte e Irã no think tanks Carnegie Endowment for International Peace.
Cerca de 130 chefes de Estado e de Governo assistirão à maratona de seis dias de discursos e reuniões para debater temas que vão de mudança climática ao combate à pobreza, no momento em que os Estados Unidos são acusados de darem as costas para o multilateralismo.
Venezuela, prioridade latino-americana
A crise na Venezuela será discutida à margem da agenda oficial. Ainda não se sabe se o presidente Nicolás Maduro participará da Assembleia.
Os chanceleres de Argentina, Colômbia, Peru, Chile e Paraguai anunciarão oficialmente, na ONU, o envio de uma carta à procuradora do Tribunal Penal Internacional, na qual pedirão que sejam investigados crimes de lesa-humanidade cometidos pelo governo venezuelano, informou a missão peruana.
O TPI já abriu uma investigação preliminar sobre a Venezuela, mas não tem a obrigação de concluí-la, nem de comunicar suas conclusões.
"Mas, quando um país pede, têm a obrigação de apresentar resultados. E essa é a diferença", disse recentemente o vice-chanceler do Peru, Hugo De Zela.
O presidente colombiano, Iván Duque, que estreia na ONU, também quer a criação de um fundo humanitário de emergência para enfrentar o êxodo de cerca de 2,3 milhões de venezuelanos nos últimos anos. Ele convocou uma reunião de chanceleres de países receptores de migrantes com países doadores e representantes do Banco Mundial, BID, CAF e agências da ONU.
Criado por mais de dez países para tentar resolver a crise na Venezuela, o Grupo de Lima também se reunirá à margem da Assembleia.