EUA

Uma juíza americana ordenou, nesta sexta-feira (21), que o julgamento do ex-presidente Donald Trump por má gestão de documentos sigilosos comece em maio de 2024, em meio a uma disputa pela Casa Branca que já se mostra difícil e divisiva.

Aileen Cannon, juíza de um tribunal federal da Flórida, marcou para 20 de maio de 2024 o início do julgamento de Trump, o primeiro ex-presidente americano a enfrentar acusações criminais

A Promotoria pediu que o julgamento começasse em dezembro deste ano, enquanto os advogados de Trump haviam solicitado que se adiasse até depois das eleições de novembro de 2024, nas quais o magnata do ramo imobiliário esperar voltar à presidência.

"Ninguém está em desacordo que os demandados necessitam de um tempo adequado para revisar isso e avaliá-lo por conta própria", disse Cannon, a quem Trump designou em 2020, quando era presidente, para ocupar o cargo de juíza federal no distrito do sul da Flórida.

Trump, de 77 anos, é o franco favorito para a nomeação presidencial republicana, e o julgamento começará próximo ao final da campanha das primárias para a escolha do candidato do partido.

Esse processo não o impedirá de fazer campanha, mas como acusado criminal, deverá estar presente durante o processo, que pode durar semanas, senão mesesNo mês passado, o ex-presidente declarou-se não culpado de dezenas de acusações penais pela suposta má gestão de documentos sigilosos que ele levou ao deixar a Casa Branca em janeiro de 2021.

A Promotoria incrimina Trump de 37 acusações por sua negativa em devolver esses arquivos confidenciais pedidos pela Justiça.

Segundo a acusação do promotor especial Jack Smith, o ex-presidente levou centenas de documentos sigilosos em caixas de papelão para sua casa de Mar-a-Lago, na Flórida

Trump manteve os arquivos - que incluíam registros do Pentágono, da CIA e da Agência de Segurança Nacional - sem segurança em sua casa onde frequentemente são realizados grandes eventos sociais, afirma a Promotoria.

Os documentos foram escondidos em vários lugares da residência, incluindo um salão de festas, um banheiro, o quarto de Trump e uma despensa.

Um ajudante envolvido 
 
Trump foi acusado de 31 crimes de "retenção intencionada de informação de defesa nacional" relacionados a documentos específicos. Uma condenação por cada acusação pode acarretar em até dez anos de prisão.

As demais denúncias incluem conspiração para obstruir a Justiça, cuja pena pode chegar a até 20 anos de prisão; retenção de documento ou registro, que também pode levar a uma condenação de 20 anos; e falsos testemunhos.

O caso envolve outro acusado, Waltine "Walt" Nauta, de 40 anos, veterano da Marinha e assistente pessoal de Trump

A Promotoria lhe imputa seis crimes por ajudar o magnata a esconder documentos em Mar-a-Lago. Ele também se declarou não culpado no início de julho.

Nauta foi ajudante de Trump enquanto ele era presidente e seguiu trabalhando para ele a título pessoal depois de que o magnata deixou a presidência.

Trump, que foi submetido a um julgamento político por duas vezes durante seu mandato e foi declarado há pouco tempo responsável de ter cometido abusos sexuais, prometeu seguir na corrida presidencial independentemente do resultado do caso dos documentos.

O magnata nova-iorquino tem outros problemas legais, incluindo uma iminente acusação de Smith pelas supostas tentativas do ex-presidente de anular as eleições de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden.

O ex-mandatário também é acusado em um caso de fraude em Nova York, relacionado a supostos pagamentos em dinheiro pelo silêncio da estrela pornô Stormy Daniels.