GUERRA

Israel provocou dezenas de mortes nesta quarta-feira (27) ao bombardear vários pontos da Faixa de Gaza, cercada e sob risco de fome, onde o Exército prossegue com as operações nos arredores de vários hospitais.

Nas últimas 24 horas, ao menos 24 pessoas morreram no território palestino, onde o Exército israelense trava uma guerra contra o movimento islamista Hamas desde 7 de outubro.

Nos últimos dois dias, os combates em Gaza prosseguiram sem trégua, apesar da aprovação na segunda-feira pelo Conselho de Segurança da ONU de uma resolução que pede um "cessar-fogo imediato" e a libertação de 130 reféns israelenses que permanecem em Gaza, incluindo 34 que, se presume, foram mortos.

Na terça-feira à noite, uma bola de fogo iluminou o céu da cidade de Rafah, no sul do território, o único centro urbano de Gaza que ainda não enfrentou uma ação das forças terrestres israelenses.

Quase 1,5 milhão de pessoas estão aglomeradas na região, muitas delas para fugir dos bombardeios israelenses.

Na manhã de quarta-feira, uma nuvem de fumaça espessa emanava de uma área densamente povoada no norte da Faixa.

TRÊS HOSPITAIS NO ALVO

O Exército israelense prossegue com as intervenções em três grandes hospitais de Gaza e em suas imediações, alegando que o Hamas utiliza os locais como base de operações.

Nesta quarta-feira, as forças de segurança israelenses confirmaram a continuidade da operação no complexo hospitalar Al Shifa, na Cidade de Gaza (norte da Faixa), e anunciaram que mataram "dezenas de terroristas" e prenderam "centenas" de combatentes até o momento.

Centenas de moradores foram obrigados a abandonar a área do centro médico na última semana devido à operação, iniciada em 18 de março.

O Exército também prossegue com as operações em Khan Yunis, no sul da Faixa, nas imediações dos hospitais Naser e Al Amal, separados por um quilômetro de distância, acrescentaram as Força Armadas.

O hospital Al Amal está "fora de serviço", afirmou o Crescente Vermelho Palestino na terça-feira, após a saída dos civis que estavam abrigados no local.

Segundo a organização, o hospital Naser, cercado pelo Exército, ainda abrigava milhares de civis na terça-feira.

"O fechamento forçado do hospital Al Amal, uma das poucas estruturas médicas que restavam no sul [...] coloca muitas vidas em perigo", denunciou a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).

FOME

A necessidade de ajuda humanitária em Gaza é urgente, mas o Hamas pediu aos países doadores que interrompam o lançamento aéreo de pacotes, depois que 12 pessoas morreram afogadas tentando recuperar os alimentos na costa de Gaza.

O movimento islamista palestino e a Euro-Med Human Rights Monitor, da Suíça, informaram que outras seis pessoas morreram em tumultos registrados quando tentavam alcançar a ajuda lançada com paraquedas.

"As pessoas morrem tentando conseguir uma lata de atum", disse à AFP Mohamad Al Sabaawi, morador de Gaza, mostrando a única lata que conseguiu pegar após uma confusão na área de lançamento de ajuda.

Apesar do apelo, o governo dos Estados Unidos anunciou que continuará utilizando este método, ao mesmo tempo que "trabalha incansavelmente para aumentar o envio de ajuda humanitária por via terrestre".

O Hamas também exigiu que Israel permita a entrada de mais caminhões de ajuda no território, que segundo a ONU está à beira de uma "fome criada pelo homem".

A guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, destruiu a infraestrutura de Gaza e as agências de ajuda afirmam que os 2,4 milhões de habitantes do território precisam de ajuda humanitária.

NEGOCIAÇÕES

Os ataques de 7 de outubro deixaram 1.160 mortos em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

A campanha israelense de represália deixou mais 32.400 mortos em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O Exército israelense, longe de reduzir a intensidade dos combates, afirmou que seus aviões bombardearam mais de 60 alvos nos últimos dias, incluindo túneis e edifícios "onde terroristas armados foram identificados".

Os combates prosseguiram, apesar do apelo do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, quando os Estados Unidos provocaram a ira de Israel com a abstenção em um projeto de resolução - Washington não utilizou o poder de veto ao texto.

Representantes de Israel e do Hamas participam em conversações indiretas mediadas pelo Qatar, que visam um cessar-fogo e a libertação de reféns.

Porém, tanto o Hamas como o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu afirmam que as negociações não avançam e atribuem a culpa ao outro lado.

A guerra na Faixa de Gaza também provocou o aumento da violência na fronteira entre Israel e Líbano.

O Hezbollah libanês, aliado do Hamas, anunciou nesta quarta-feira que disparou foguetes contra o norte de Israel, cujos serviços de emergência registraram uma morte na região. 

O Hezbollah executou os ataques em resposta a um bombardeio que atribuiu ao Exército israelense, que deixou sete mortos em uma localidade próxima da fronteira.