Uma inglesa de 59 anos foi condenada esta semana a pagar 200 mil libras (cerca de R$ 1,2 milhão) por manter durante 16 anos uma mulher de 62 como escrava em sua residência, em West Sussex, Inglaterra.

O Tribunal da Coroa entendeu que a mulher teria recursos para pagar uma indenização à vítima, fixada em torno de R$ 1,2 milhão. Ela terá três meses para fazer a transferência, sob pena de ter a pena de prisão aumentada.


O valor inclui os anos de benefícios da seguridade social interceptados pela patroa e os salários não pagos durante os 16 anos em que viveu como escrava, segundo informou a polícia de Sussex.

Segundo as investigações, Kausar forçava a vítima a trabalhar em residências que possuía em Sussex e em Londres.

Ela assumiu o controle do dinheiro da vítima, isolou-a da família e obrigou-a a cozinhar, limpar e cuidar dos filhos, muitas vezes submetida a jornadas de mais 14 horas por dia, de acordo com a polícia.

A patroa ainda abriu contas bancárias em seu nome, retirou dinheiro delas e reivindicou benefícios sociais em seu nome. Ela usou as contas bancárias da vítima para pagar as contas de suas propriedades e registrou seu carro em nome da vítima para uso para deficientes, permitindo-lhe evitar impostos e estacionar em vagas especiais.

Os investigadores que visitaram a casa encontraram todas as coisas da vítima em sacos de lixo pretos, enquanto ela dormia no quarto das crianças. A vítima não teve acesso ao seu documento de identidade, passaporte ou cartões bancários, encontrados em uma sala trancada, bem como documentos financeiros emitidos em seu nome relacionados a endereços que ela não reconheceu.

HISTÓRICO DE PRISÕES

Farzana Kausar, que está presa, foi detida pela primeira vez em 2019, suspeita de manter a mulher em regime de escravidão. Ela havia sido denunciada por uma babá que trabalhava para a família, que alegou que a patroa explorava de forma inaceitável uma ajudante da residência.

Após pagar fiança, Kausar foi liberada e a vítima, após ser atendida pelos serviços britânicos de assistência social, desapareceu. Porém, em outubro do ano passado, a mulher foi presa novamente, por tentar obstruir as investigações.

Kausar havia apresentado uma carta à polícia, redigida pela vítima, em que dizia ter mentido sobre as denúncias de maus-tratos e exploração por parte da patroa.

Durante as investigações, a polícia encontrou a vítima em uma residência em Londres e descobriu que Kausar, na verdade, havia coagido a vítima a redigir a carta.

Ela então foi presa novamente, pelas acusações de submeter vulnerável a regime de escravidão e por tentar subverter o curso da Justiça, sendo condenada a quase sete anos de detenção.