JERUSALÉM (Reuters) - Autoridades israelenses causaram o desalojamento forçado dos palestinos da Faixa de Gaza em uma dimensão que constitui crimes de guerra e crimes contra a humanidade, afirmou nesta quinta-feira a Human Rights Watch em relatório.    

Em resposta, Israel acusou a organização de usar uma retórica "completamente falsa e descolada da realidade".

O relatório é o mais recente de uma série de declarações de grupos de ajuda humanitária e organismos internacionais abordando a situação no enclave, que está sob cerco israelense.    

"A Human Rights Watch descobriu que o desalojamento forçado foi amplo, e as evidências mostram que foi sistemático e parte de uma política de Estado. Tais atos também constituem crimes contra a humanidade", informou o relatório.    

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmorstein, afirmou que os esforços de Israel "são direcionados somente para o desmantelamento das capacidades de terror do Hamas, e não contra o povo de Gaza, diferentemente do Hamas, que usa civis como escudos humanos e insere a infraestrutura do terror em regiões residenciais".    

"Israel vê todo dano civil como uma tragédia, enquanto o Hamas vê todo dano civil como uma estratégia. Israel continuará operando de acordo com as leis de um conflito armado", afirmou o porta-voz em comunicado.    

O Hamas nega usar civis como escudos humanos ou esconder combatentes e armas em instalações como hospitais e escolas.    

A lei dos conflitos armados proíbe o desalojamento forçado de populações civis em territórios ocupados, a não ser que isso seja necessário para garantir a segurança dos civis ou imperativo por razões militares.    

Israel invadiu a Faixa de Gaza no ano passado, após um ataque do Hamas no sul israelense causar cerca de 1.200 mortes, de acordo com contagens israelenses. Os militantes também teriam levado mais de 250 pessoas como reféns.    

Desde então, a ofensiva israelense já matou mais de 43.500 pessoas, de acordo com autoridades de Saúde da Faixa de Gaza, além de destruir a infraestrutura do enclave, forçando a maior parte da população local, de 2,3 milhões de pessoas, a mudar várias vezes de lugar.    

A Human Rights Watch afirmou que o desalojamento de palestinos "provavelmente está planejado para ser permanente nas zonas de proteção e corredores de segurança", algo que, segundo a organização, equivaleria a uma "limpeza étnica". 

 

por Brasil247