Nesta quarta-feira (14), o Hamas reafirmou que não vai participar de uma nova rodada de negociações para o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que foi convocada para amanhã pelos países mediadores. "O Hamas não tomará parte nas próximas negociações programadas para quinta-feira, seja no Cairo ou em Doha", anunciou Suhail al Hindi, membro da direção política do Hamas.
 
A milícia Jihad Islâmica, aliada do grupo e que combate junto ao Hamas na operação militar israelense em Gaza, também apoiou a iniciativa. "A decisão da resistência é conjunta e não estabeleceremos negociações que permitam ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ganhar tempo de forma gratuita", diz o comunicado da Jihad islâmica, acrescentando que não existe outra opção que não seja lutar diante da intransigência sionista.
 
Os mediadores internacionais no conflito, Estados Unidos, Egito e Catar, pressionaram que os dois lados retomassem as discussões urgentes em 15 de agosto em Doha ou no Cairo para concluir os pontos em aberto e iniciar a aplicação do acordo sem mais demora. 

Tel Aviv confirmou que enviaria uma delegação, no entanto o Hamas recusou e propôs em contrapartida que seja aceito o que foi acordado em julho, em referência ao plano estabelecido em maio pelo presidente norte-americano, Joe Biden. "O movimento exige um compromisso claro por parte da ocupação diante ao acordado em 02 de julho segundo as indicações transmitidas pelos mediadores e, caso seja aceita, o movimento está preparado para iniciar os mecanismos de aplicação do acordo", indicou Al Hindi. 

Na terça-feira, Netanyahu negou ter incluído mais exigências à proposta de Biden e acusou o Hamas de ter sugerido 29 alterações que Israel se recusa em concordar. Também ontem, Biden sugeriu que um cessar-fogo em Gaza pode dissuadir o Irã de atacar Israel, enquanto o mediador e enviado especial norte-americano, Amos Hochstein, garantiu hoje em Beirute que uma trégua em Gaza contribuiria para travar a escalada entre o grupo xiita libanês Hezbollah e Israel. Além disso, Hochstein confirmou, durante uma reunião com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, que será procurada uma solução diplomática para a guerra de Gaza durante as reuniões de Doha que começam amanhã e que se prolongarão por vários dias.
 
Com o agravamento da crise regional, os mediadores tentam evitar os riscos de uma escalada e alastramento do conflito no Oriente Médio através da concretização de um cessar-fogo em Gaza.
 
Entretanto, o Irã e o chamado "Eixo da Resistência", integrado pelo Hamas, a Jihad Islâmica, o Hezbollah, os rebeldes Houthis no Iêmen, a Resistência Islâmica no Iraque e outras milícias na Síria, prometeram vingar os recentes assassinatos de dois dos seus dirigentes. O alto comandante do Hezbollah, Fouad Chokr, morto num bombardeio israelense perto de Beirute e o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, num ataque em Teerã, que as autoridades iranianas atribuem a Israel.
 
Al Hindi assegurou hoje estar seguro que a resposta do Eixo da Resistência está bem próxima e as negociações para uma trégua são apenas uma aposta para ganhar tempo por parte de Israel.
 
 
Apesar disso, o porta-voz dos EUA disse que o Catar trabalha para garantir que o Hamas envie um representante para a reunião.