Grupo criado em 1959 durante a ditadura de Francisco Franco causou mais de 850 mortos.

Por G1

A organização separatista basca ETA anunciou nesta quinta-feira (3) em comunicado o "final da sua trajetória e o desmantelamento total do conjunto das suas estruturas", depois de mais de meio século de ações armadas nas quais causou mais de 850 mortos.

"ETA desmantelou totalmente o conjunto de suas estruturas. ETA dá por encerrada toda sua atividade política", afirma a "declaração final", com data de 3 de maio e assinada com o símbolo do grupo, uma serpente enroscada em um machado.

Nesta quarta, a imprensa espanhola havia publicado a carta que anuncia o fim do grupo.

O anúncio é feito depois que no dia 20 de abril o grupo fez uma declaração inédita pedindo perdão às vítimas pelos "graves danos" provocados por sua luta armada pela independência do País Basco, na Espanha. Na ocasião, políticos e vítimas ficaram indignadas com a mensagem que segundo eles dava a entender que os assassinatos de policiais e militares eram legítimos.

Rajoy: 'nenhum resquício para impunidade'

Mais cedo nesta quinta, o chefe do governo espanhol espanhol Mariano Rajoy advertiu o ETA de que não deve esperar impunidade por sua dissolução. "Faça o que fizer, o ETA não vai encontrar nenhum resquício para a impunidade de seus crimes", afirmou Rajoy, que rejeitou qualquer diálogo com o grupo desde que chegou ao poder em 2011.

"Não conseguiu nada quando deixou de matar porque sua capacidade operacional foi liquidada pelas forças de segurança e tampouco vai conseguir nada agora com novas operações de propaganda", completou Rajoy, em um evento em Logroño (norte), perto do País Basco.

Histórico

O grupo Euskadi Ta Askatasuna (País Basco e Liberdade) foi criado e, 1959 durante a ditadura de Francisco Franco, acusado de reprimir a cultura basca. Mas, depois da morte do ditador, o grupo intensificou suas ações, gerando uma espiral de ódio que também teve a participação de grupos de extrema-direita e associações parapoliciais como os GAL, criados nos anos 1980.

Considerado um grupo terrorista pela União Europeia, o ETA matou - em atentados com bomba, ou tiros na nuca - políticos, policiais, militares, juristas e civis. O grupo também recorreu a sequestros e extorsões.

Após tentativas frustradas de negociação e da condenação cada vez maior da sociedade basca à violência, o ETA anunciou o fim da luta armada em 2011.

O ETA possui quase 300 membros detidos na Espanha, França e Portugal, entre 85 e 100 foragidos e uma dezena de pessoas expulsas pela França, sem documentos. O grupo deseja a transferência dos detidos para prisões mais próximas do País Basco e espera obter uma alteração da política penitenciária com sua dissolução.

Após 40 anos de atentados, as feridas continuam abertas. Em San Sebastián (norte), uma das cidades mais afetadas pelo ETA, as organizações de vítimas exigem que a organização assuma seus crimes e ajude a esclarecer os 358 assassinatos não elucidados.