Um dos garotos da família de mórmons vítima de um massacre no México caminhou durante seis horas até conseguir ajuda.

 
O menino de 13 anos, que saiu ileso, andou cerca de 22 km depois de esconder seis irmãos feridos em arbustos e cobri-los com galhos para se protegerem, de acordo com Kendra Lee Miller, parente da família. Ao chegar à comunidade onde vive, em La Mora, o garoto foi o primeiro a dar notícias do crime.
 
 
Miller publicou em uma rede social uma descrição do ocorrido e divulgou os nomes dos nove membros da família mortos no ataque. Sete crianças sobreviveram, e cinco delas foram transferidas para um hospital em Tucson, no Arizona -eles têm entre 0 e 14 anos.
 
Três mulheres e seis crianças de uma comunidade mórmon americana instalada no norte do México há mais de um século foram assassinados na segunda-feira (4) por um grupo de homens armados. As vítimas eram membros da pequena comunidade de La Mora, no estado de Sonora, próxima à fronteira com os Estados Unidos.
 
Além das vítimas fatais, outras seis crianças ficaram feridas, duas delas com gravidade, segundo o governo mexicano. Uma das crianças, uma bebê de três meses, foi encontrada com vida no colo de sua mãe, morta no ataque.
 
"Por 11 horas, familiares em Sonora, Chihuahua e no Meio-Oeste dos EUA esperaram com medo e horror por qualquer notícia sobre possíveis sobreviventes", escreveu Miller.
 
"O primeiro veículo foi encontrado cheio de buracos de bala e completamente em chamas. Nita e quatro de seus sete filhos que ela levara na viagem foram queimados. Restaram apenas alguns ossos carbonizados para identificar todos os cinco que estavam dentro [do carro]."
 
Julián Lebarón, líder mórmon e ativista, afirma que seus familiares foram mortos por criminosos. Ele também afirmou não saber quem está por trás dos ataques.
 
Evidências apontam para a teoria de que a família foi alvo deliberado do ataque, segundo uma autoridade dos EUA. A ideia é baseada na natureza do atentado, que se desenrolou como uma emboscada que continuou mesmo após mulheres e crianças fugirem dos carros. Houve também queima de evidências.
 
A autoridade informou ainda que a família era conhecida pelos cartéis da região, o que tornava possível que os criminosos soubessem que eles estavam viajando e conhecessem o modelo do carro que usavam. 
 
De acordo com o governo mexicano, a organização criminosa Los Jaguares opera na região do ataque. Ele é um subgrupo do cartel de Sinaloa, que disputa o controle do território com outros grupos como La Línea e Jalisco Nueva Generación.
 
O caso gerou reações no México, que registrou aumento nos casos de violência nas últimas semanas, e amplia a pressão para que o governo de Andrés Manuel López Obrador dê uma resposta mais efetiva na área da segurança. 
 
Após o ataque aos carros dos mórmons, o governo mexicano enviou militares para a região, e o presidente americano, Donald Trump, que disse querer partir para o confronto, também ofereceu ajuda. 
 
"Este é o momento para que o México, com ajuda dos EUA, declare guerra aos cartéis de droga e os apague da face da Terra. Esperamos apenas uma chamada de seu grande novo presidente", tuitou Trump.
 
Obrador, no entanto, discordou. "Nisso, não concordamos, mas se respeita os que pensam assim. O pior que pode haver é uma guerra. Guerra é sinônimo de irracionalidade", disse, em entrevista coletiva. 
 
O líder mexicano apontou que 75% das armas de alto calibre no México vêm dos EUA e pediu uma cooperação para reduzir esse fluxo de armamentos.