O ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, sugeriu hoje que a comunidade internacional deve pressionar Israel, impondo sanções contra o país para o forçar a permitir a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza. “Deve haver alavancas de influência e existem múltiplas alavancas, desde logo sanções, para permitir que a ajuda humanitária atravesse os postos de controle”, disse Séjourné. 
 
Já a Turquia anunciou que irá impor restrições à exportação de produtos de 54 categorias diferentes para Tel Aviv até que seja declarado um cessar-fogo em Gaza, declarou o Ministério do Comércio de Ancara.
 
O ministério avançou que a medida entrará em vigor de imediato, acrescentando que as restrições incluem, entre outros, produtos de ferro e aço e equipamentos de construção. “Esta decisão permanecerá em vigor até que Israel declare imediatamente um cessar-fogo e permita um fluxo adequado e ininterrupto de ajuda humanitária para Gaza”, assinalou o ministério.
 
Por sua vez, a chancelaria israelita acusou o governo turco de violar unilateralmente os acordos comerciais estabelecidos com Israel, optando assim por se posicionar ao lado do Hamas. O presidente israelita, Israel Katz, apontou que, em resposta à decisão de Ancara, o país vai preparar as suas próprias restrições comerciais aos produtos provenientes da Turquia.
 
ONU insta Israel permitir a entrada de ajuda e jornalistas em Gaza
 
De acordo com a agência das Nações Unidas para a Defesa e Direito das Crianças, nos últimos seis meses, a crise humanitária em Gaza atingiu proporções alarmantes. “A fome e a insegurança alimentar se intensificou com a interrupção contínua das cadeias de distribuição e a destruição de infraestruturas”, alerta a organização.
 
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também defendeu nesta terça-feira que Gaza vive uma guerra de informação que aumentou o trauma da guerra e advertiu que negar a entrada de jornalistas internacionais no enclave palestino permite o crescimento da desinformação. “Negar a entrada de jornalistas internacionais em Gaza está permitindo o florescimento da desinformação e de narrativas falsas”, declarou o líder da ONU.
 
Na semana passada, Israel proibiu a TV Al Jazeera no país. A Associação da Imprensa Estrangeira (AIE) em Israel, que representa os jornalistas que cobrem o país e os territórios palestinos ocupados, solicitou hoje ao governo israelita um acesso independente à Gaza. “As restrições ao acesso independente para a imprensa a uma zona de guerra durante tanto tempo não têm precedentes em Israel. Isto coloca dúvidas sobre o que Israel não quer que os jornalistas estrangeiros vejam. Seis meses sem acesso é demasiado tempo”, diz o comunicado da AIE.
 
 
A AIE disse ainda que as autoridades israelitas negaram por várias vezes os seus pedidos de entrada no território ocupado, argumentando com a segurança e a logística. “Entretanto, os jornalistas palestinos na Faixa de Gaza têm enfrentado sofrimento e ameaças sem precedentes enquanto cobrem as histórias com valentia”, ressaltou a AIE. Segundo dados do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, desde o inicio da guerra já foram mortos em Gaza pelo menos 95 jornalistas, quase todos palestinos.