Fracassou nesta quarta-feira (5) a tentativa de México e EUA entrarem em um acordo que evitasse a imposição de tarifas a produtos mexicanos caso o país não impedisse o fluxo de imigrantes ilegais em direção ao norte, informou a rede de TV NBC. O presidente Donald Trump afirmou que avanços ocorreram mas que não foram suficientes, e que uma nova rodada de negociações ocorrerá nesta quinta (6).

A reunião a portas fechadas, na Casa Branca, envolveu vice-presidente Mike Pence, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o secretário de Segurança Interna, Kevin McAleenan, do lado americano, e o chanceler Marcelo Ebrard, do lado mexicano. Antes do encontro, os EUA apresentaram uma série de condições para retirar a ameaça feita por Trump na semana passada. A medida passaria a valer a partir de 10 de junho com uma taxa de 5% que subiria até alcançar 25% em 1º de outubro. "Temos uma crise na nossa fronteira sul", afirmou Pence em uma rede social, ao divulgar dados que apontam para um pico de detenções na fronteira com o México, de 144 mil imigrantes em maio -32% a mais que em abril e quase o triplo de um ano atrás. "O presidente deixou claro que o México deve fazer mais", acrescentou.

Segundo os dados do Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça (CBP), o ritmo de chegada de ilegais é o mais alto desde 2006, com 677 mil desde outubro. Naquela época, os imigrantes eram principalmente homens solteiros vindos do México. Agora, a maioria é de famílias que fogem da violência de Guatemala, Honduras e El Salvador. Do total de detidos em maio, 57.718 eram crianças. O comissário interino do CBP, John Sanders, disse na quarta-feira que os migrantes estão chegando mais em grupos do que sozinhos, incluindo um único grupo de 1.036 pessoas presas em El Paso, no Texas, em 29 de maio, um dia antes de Trump anunciar sua ameaça tarifária.

Em visita à Irlanda, o presidente Donald Trump afirmou estar certo de que "o México quer chegar a um acordo". "Eu acho que o México tem de fazer mais, e se isso não acontecer, as tarifas vão continuar e, se elas subirem, as empresas retornarão aos Estados Unidos. É muito simples", afirmou. Caso o plano realmente seja implementado, os EUA terão lançado disputas comerciais com dois de seus três maiores parceiros comerciais -a China é o outro. O México quer impedir uma guerra comercial que segundo analistas pode levar sua economia a uma recessão.

Na terça-feira, senadores republicanos alertaram representantes do governo Trump de que estão dispostos a impedir que a ameaça do presidente se concretize. Uma das condições apresentadas pelos EUA foi de que, primeiro, os imigrantes fossem admitidos no próprio México, evitando que prosseguissem viagem. "Podem se comprometer a tomar todos os solicitantes de asilo e então aplicar as leis mexicanas, que são muito mais fortes que as nossas", afirmou o assessor econômico da Casa Branca, Peter Navarro.

A segunda condição foi que o México aumentasse a vigilância de sua fronteira com a Guatemala, impedindo a entrada dos imigrantes."A fronteira sul que o México tem com a Guatemala tem apenas 240 km e, além disso, tem postos de controle naturais e artificiais que são realmente fáceis de vigiar", afirmou Navarro. Além disso, os EUA exigiram que o México combata a corrupção dos agentes da fronteira.
 
Já AMLO enviou para o encontro uma lista oficial de produtos norte-americanos que poderiam estar sujeitos à aplicação de tarifas retaliatórias caso as tarifas dos EUA sejam aplicadas. A lista é destinada principalmente a produtos oriundos de Estados agrícolas e industriais, considerados os principais integrantes da base eleitoral de Trump, de acordo com uma das fontes. O México também pediria mais ajuda econômica para a América Central com o objetivo de lidar com a principal causa da imigração.