Esses ataques com bombas aconteceram na última sexta-feira (10), entre 01h00 e 10h10 e deixaram pelo menos sete pessoas mortas, enquanto o hospital recebia no mesmo momento quase 50 pessoas mortas durante bombardeio a uma escola na cidade de Gaza, que fica ao norte do território.

 

Após a explosão final, as Forças de Defesa de Israel (FDI) responsabilizaram os militantes do Hamas pelo ataque. Além disso, afirmaram que um projétil desviado foi lançado para atingir as tropas do país que estavam na cidade.

Imagens de fragmentos de armas coletadas e verificadas pelo jornal norte-americano e depois analisadas por especialistas mostram que pelo menos três projéteis pareciam pertencer a Israel. Por conta dos ataques até contra hospitais, o país é cada vez mais pressionado internacionalmente por um cessar-fogo ou pelo menos uma pausa humanitária.

 

Pela primeira vez desde o início do conflito, que já deixou quase 11,5 mil palestinos mortos só na Faixa de Gaza a partir do dia 7 de outubro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) aprovou uma resolução de Malta que pede longas pausas para a chegada de ajuda humanitária com remédios, alimentos, água e combustíveis, além da retirada de civis das zonas de confronto.

O Al-Shifa está em colapso e no último fim de semana viu o último gerador parar de funcionar por falta de combustíveis, o que provocou a morte de pacientes nos cuidados intensivos e até bebês prematuros. Enquanto isso, Israel justifica os ataques por ter evidências de que o espaço é usado como centro de comando do Hamas, que construiu uma cadeia de túneis ao longo da Faixa de Gaza.

 

A informação é negada por funcionários do hospital, que ainda acrescentaram que pacientes já morreram também por falta de comida.

ATAQUE DEIXOU QUASE 500 MORTOS HÁ 1 MÊS - 

Acusações e contra-acusações entre Israel e Hamas também marcaram um outro ataque há quase um mês: o Hospital Árabe Al-Ahli foi atingido por bombardeios que deixaram quase 500 mortos. Conforme o The New York Times, as evidências também apontam que os projéteis usados são de Israel, mas não está claro se foi proposital ou por acidente.

 

Análises das imagens de um vídeo mostram ainda que três bombas disparadas contra hospitais do norte e do sul da Faixa de Gaza também apontam que posições israelenses estavam nas proximidades das unidades. Já o Exército chegou a divulgar um mapa que mostra que as trajetórias dos equipamentos foram diferentes das operadas pela corporação.

Segundo o jornal norte-americano, Israel recusou comentar as evidências e que por causa da "atividade militar específica em curso, não podemos responder ou confirmar consultas específicas".

 

Ex-analista sênior de inteligência do Pentágono, Marc Garlasco disse à Times que o projétil tem uma carcaça de artefato de artilharia de iluminação usada por Israel para identificar alvos durante a noite. Richard Stevens, que é ex-soldado do Exército do Reino Unido, também identificou o material.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza após 7 de outubro. Em questão de dias, as forças militares israelenses tomaram controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e começaram a realizar ataques aéreos em alvos, incluindo civis. Israel também anunciou um bloqueio total ao setor de Gaza: a entrega de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustíveis foi interrompida.

 

No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por forças terrestres israelenses, e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.

O conflito, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e confrontos na região por muitas décadas. A decisão da ONU em 1947 determinou a criação de dois Estados, Israel e Palestina, mas apenas o Estado israelense foi estabelecido.