Os Estados Unidos acusaram China e Rússia, nesta quarta-feira (30/1), de não revelarem a totalidade de seus programas nucleares, em meio às ameaças de Washington de se retirar de um tratado de desarmamento firmado com Moscou.

Em um encontro em Pequim com representantes dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a subsecretária de Estado americana encarregada do controle de armamentos e de assuntos de segurança internacional, Andrea Thompson, disse haver "resultados desiguais" em matéria de transparência no âmbito do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) de 1968.
"Concordamos no passado em definir (um) formato de declaração, mas a distância é considerável entre, por um lado, as declarações dos Estados Unidos e, por outro, as de Rússia e China", afirmou Thompson. "Devo insistir na importância da transparência", frisou.
Rússia, China, França e Reino Unido - países que, como os Estados Unidos, têm arma atômica em seu arsenal e são membros do TNP - estavam representados na reunião. Este encontro acontece depois de vários meses de acusações cruzadas entre Moscou e Washington sobre o Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermediário, (INF, Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty).
Washington acusa Moscou de violar o acordo e ameaça deixar o TNP. O Kremlin rejeita a denúncia dos EUA. O INF foi firmado em 1987 pelo último dirigente da URSS, Mikhail Gorbachov, e pelo então presidente americano, Ronald Reagan.
Suprimindo o uso de toda uma série de mísseis de entre 500 e 5.000 quilômetros de alcance, o tratado acabou com a crise deflagrada nos anos 1980 pela mobilização dos SS-20 soviéticos com ogivas nucleares na Europa Oriental, e mísseis americanos Pershing, na Europa Ocidental.
Em janeiro, russos e americanos negociaram o tema em Genebra, mas o encontro não foi bem-sucedido. O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu sobre um retorno a uma corrida armamentística, caso se deixe de respeitar o tratado INF.
Na semana passada, a Rússia apresentou publicamente o sistema de mísseis que levou os Estados Unidos a quererem se retirar do tratado, insistindo no fato de que tinha um alcance máximo de "480 km" e que está, portanto, nos termos acordados.
Em Pequim, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, denunciou "a propagação de comportamentos unilaterais" que constituem, segundo ele, uma ameaça à não-proliferação nuclear.