O país está substituindo a Itália como chegada escolhida pelos imigrantes. Mais de 1,4 mil pessoas perderam a vida este ano no Mediterrâneo


A Espanha resgatou mais de 340 migrantes no Mediterrâneo neste sábado, entre eles um norte-africano que tentava cruzar o mar em um pneu de caminhão, informaram as autoridades.

O Salvamento Marítimo informou que resgatou 240 pessoas em 12 botes, 10 dos quais no estreito de Gibraltar, no mar de Alborão, a parte mais ocidental do Mediterrâneo, e outro homem que flutuava em um pneu de caminhão. Um porta-voz acrescentou que a Guarda Civil também salvou 100 migrantes no Mediterrâneo.


A Espanha está substituindo a Itália como país de chegada escolhido pelos imigrantes. Cerca de 16.902 pessoas chegaram a Espanha neste ano, segundo cálculos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), e 294 morreram na tentativa. No total, mais de 1,4 mil migrantes perderam a vida este ano no Mediterrâneo, acrescentou.

No mês passado, a Espanha aceitou receber 630 migrantes que chegaram em três navios, entre eles o "Aquarius", de uma ONG francesa. O "Aquarius" resgatou os migrantes perto das costas líbias em 9 de junho, mas o novo governo italiano, assim como o de Malta, rejeitou recebê-los, e a Espanha aceitou ajudar. Em 4 de julho, um barco pertencente à ONG espanhola Proactiva Open Arms atracou em Barcelona com 60 migrantes resgatados em águas líbias, depois de que a Itália se negou a recebê-los.


Protestos

Milhares de pessoas se manifestaram neste sábado em Ventimiglia, na fronteira entre a Itália e a França, contra o fechamento das fronteiras europeias aos imigrantes. A marcha, integrada por italianos, franceses, alemães, holandeses e espanhóis, transcorreu em clima pacífico, apesar de sob forte proteção policial. "Por uma acolhida digna dos refugiados em uma Europa sem fronteiras", afirmava um dos cartazes exibidos.

Muitos manifestantes usavam chapéus em forma de pequenos barcos com a inscrição "Tragédia no litoral da Líbia, de 700 a 900 migrantes mortos". Ventimiglia é uma cidade na fronteira italiana pela qual passam milhares de imigrantes com destino ao norte da Europa, mas desde 2015 a França impede sua entrada em seu território nesse ponto.

Donald Trump

As declarações do presidente Donald Trump nesta semana de que a imigração está "mudando a cultura" da Europa estão atraindo a ira de críticos, que afirmam que Trump está encorajando manifestações xenófobas de nacionalistas brancos. Em entrevista ao jornal The Sun e a uma entrevista coletiva na Grã-Bretanha, Trump disse que permitir a entrada de milhões de imigrantes na Europa é "muito triste".

Ele declarou: "Acho que vocês estão perdendo sua cultura." A diretora do Projeto de Inteligência do Southern Poverty Law Center, Heidi Beirich, classificou os comentários como "racistas". Ela e outros especialistas dizem que os sentimentos anti-imigração refletem uma transformação demográfica que deixa desconfortável parte da população branca.

As observações também ignoram lugares como Lisboa, em Portugal, onde um fluxo de imigrantes do Brasil, Cabo Verde e Angola enriqueceu a cultura desde times profissionais de futebol até a música popular.