CONFLITO
 
A escalada militar entre Israel e Hamas, que deixa mais de 30 mortos, se intensificou nesta terça-feira (11) com uma chuva de foguetes lançados pelo grupo islâmico contra Tel Aviv e a retaliação do exército israelense na Faixa de Gaza.


A comunidade internacional pediu calma e os países muçulmanos expressaram indignação com o que é considerado o pior momento de violência em anos entre o movimento islâmico - no poder na Faixa de Gaza - e Israel, causado por confrontos entre a polícia israelense e manifestantes palestinos em Jerusalém Oriental.


Ataques israelenses com aviões e helicópteros resultaram em pelo menos 28 mortos no lado palestino, incluindo 10 crianças, e cerca de 125 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Comandantes do Hamas e da Jihad Islâmica, o segundo grupo armado naquele enclave, morreram nos ataques, confirmaram esses movimentos armados.


Nesta terça-feira à noite, um prédio de 12 andares no centro da cidade de Gaza, onde importantes figuras do Hamas tinham seus escritórios, foi destruído em um ataque israelense, revelou um jornalista da AFP.


Em reação, o Hamas afirmou ter disparado 130 foguetes contra a cidade israelense de Tel Aviv, onde soaram os alarmes antiaéreos.


Um dos disparos atingiu um ônibus vazio em Holon, perto de Tel Aviv; Outro foguete atingiu Rishon Letzion, no centro do país, onde uma mulher foi morta, segundo a polícia israelense. O aeroporto internacional Ben Gurion foi fechado ao tráfego aéreo.


"É só o começo" 


Mais cedo, do lado israelense, foguetes disparados pelo Hamas nas cidades de Ashdod e Ashkelon, localizadas ao norte da Faixa de Gaza, ceifaram a vida de duas mulheres israelenses, informou Netanyahu.


"Desde ontem (segunda-feira) o exército realizou centenas de ataques contra o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza (...) e vamos intensificar ainda mais a força de nossos ataques", declarou o chefe de governo, em mensagem de vídeo, acrescentando que o Hamas "seria derrotado de uma forma inesperada".


O braço armado do Hamas prometeu que transformaria a cidade israelense de Ashkelon em um "inferno" se os ataques israelenses deixassem vítimas civis em Gaza.


"Se (Israel) quiser uma escalada, estamos preparados e se quiser parar também estamos prontos", afirmou o líder do Hamas, Ismael Haniyeh, em um discurso televisionado nesta terça à noite.


O ministro de Defesa de Israel, Benny Gantz, autorizou um pedido do exército para mobilizar 5.000 reservistas, porém não está claro se essa decisão ocorrerá.


"Ainda há muitos alvos na mira. Isso é só o começo", alertou o ministro. 


O Hamas ameaçou Israel com uma nova escalada militar na tarde de segunda-feira se suas forças não se retirassem da Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental - o terceiro santuário do Islã - onde os confrontos diários entre palestinos e a polícia israelense causaram centenas de feridos desde sexta-feira.


Depois da morte de seu comandante, a Jihad Islâmica lançou cerca de 500 foguetes contra Israel, que, por sua vez, bombardeou as posições desse grupo, tentando evitar as do Hamas, para não comprometer uma trégua alcançada com esse movimento. 


No entanto, uma fonte do Hamas anunciou na noite de segunda-feira que Muhammad Fayad, um comandante de sua ala militar, foi morto em Beit Hanun, norte de Gaza, logo após o início dos ataques israelenses.


Enquanto isso, em meio à escalada em Israel e Gaza, um palestino foi morto e outro ficou ferido nesta terça-feira na Cisjordânia ocupada ao norte por tiros das forças israelenses.


Pedidos de calma 


A comunidade internacional tem manifestado sua crescente preocupação, enquanto o Conselho de Segurança da ONU, que realizará nesta quarta-feira uma reunião emergencial, não conseguiu chegar a um acordo sobre uma declaração comum, uma vez que os Estados Unidos - aliado histórico de Israel - consideram que "por enquanto não é oportuno emitir uma mensagem pública".


"As provocações que temos visto resultaram em uma perda de vidas profundamente lamentável. Continuamos pedindo calma", declarou nesta terça-feira o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price.


Fontes diplomáticas disseram à AFP que as Nações Unidas, com a ajuda do Catar e do Egito, iniciaram a mediação com as partes "interessadas" para conseguir uma redução da tensão.


O ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Choukri, declarou nesta terça-feira à noite que, até agora, o Egito havia tentado sem sucesso conversar com Israel.


Os ataques israelenses geraram manifestações de protesto na Jordânia, África do Sul, Tunísia e outros países.


A União Africana, assim como Cuba, "condenou energeticamente" os "bombardeios" em Gaza. Uruguai e outros países expressaram preocupação pela violência.


 A Faixa de Gaza, um empobrecido enclave no qual vivem dois milhões de pessoas, encontra-se sob bloqueio israelense desde que o Hamas assumiu o poder em 2007. Desde então, o Hamas e Israel enfrentaram três guerras (2008, 2012, 2014).