Ásia

Os confrontos entre a Tailândia e o Camboja entraram no segundo dia consecutivo, com mais de uma dúzia de mortos e 138 mil civis tailandeses deslocados. O primeiro-ministro da Tailândia, Phumtham Wechayachai, avisou que o conflito pode escalar para uma guerra entre os dois países.

Ambos os lados se culpam mutuamente pelo início do conflito. A Tailândia acusou o Camboja de atacar deliberadamente civis e o Camboja condenou a Tailândia pelo uso de munições de fragmentação.

A Tailândia também decretou nesta sexta-feira (25), a lei marcial em oito distritos junto à fronteira com o Camboja, após a intensificação do conflito na véspera.

Mas, as tensões entre os dois países têm crescido desde o final de maio, quando um soldado cambojano foi morto a tiro num confronto por uma região fronteiriça há muito disputada.

A disputa fronteiriça atingiu um grau de violência que não se via desde 2011, envolvendo aviões de guerra, tanques, tropas terrestres e fogo de artilharia. O governo tailandês já fechou a fronteira com o Camboja, após a sua Embaixada em Phnom Penh ter solicitado aos cidadãos tailandeses que abandonassem o país.

Mas, o Ministério das Relações Exteriores da Tailândia afirmou hoje que concorda em princípio com uma proposta da Malásia para um cessar-fogo entre as forças tailandesas e cambojanas e que irá considerar o plano, mas que este deve se basear em condições apropriadas no terreno. No entanto, ao longo do dia, as forças cambojanas continuaram os seus ataques indiscriminados em território tailandês, destacou a chancelaria. “Tentamos encontrar um meio-termo porque somos vizinhos, mas instruímos o exército tailandês para agir imediatamente em caso de emergência”, disseram as autoridades governamentais da Tailândia.

Reunião de emergência na ONU

O primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas uma reunião de emergência, que deverá acontecer ainda hoje.

Os Estados Unidos, um antigo aliado da Tailândia, afirmaram estar preocupados com a escalada do conflito e apelaram ao fim imediato das hostilidades no sudeste asiático. A França, a União Europeia e a China também já apelaram ao diálogo e ao fim do conflito.

O conflito remonta a mais de um século, quando as duas nações do sudeste asiático traçaram a sua fronteira após o fim da ocupação francesa do Camboja. Apesar de em

o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão jurisdicional da ONU, tenha atribuído ao Camboja a zona contestada abaixo do templo Preah Vihear, o traçado de outras zonas continua a opor e causar divergências entre os dois países.