Para muitos dos naturistas europeus, e as dezenas de milhares de swingers entre eles, Cap d'Agde, na França, se tornou um destino tradicional de verão, mas um surto de coronavírus aqui trouxe uma atenção incômoda sobre seu estilo de vida alternativo.

Um dos países mais afetados pelo coronavírus na Europa, a França havia colocado em prática um dos confinamentos mais rigorosos da região, mas voltou a ver o número de infecções subir após o relaxamento da quarentena.

Após a chegada do verão no hemisfério norte, cenas de praias lotadas (comparáveis às imagens do Rio de janeiro com praias cheias) vêm provocando polêmica.

A França chegou a registrar um pico de 7 mil novos casos confirmados em um dia no fim de agosto. Esse foi o maior aumento diário desde março. Até o começo de setembro, a França registrava um total de mais de 320 mil casos e mais de 30 mil mortes.

Apesar do aumento exponencial de casos, os números de hospitalizações e mortes diárias permaneceram relativamente estáveis, segundo o governo, já que os jovens menos vulneráveis %u200B%u200Bà doença são a maioria dos novos infectados.

A área meridional de Hérault, e Cap d'Agde em particular, tem visto alguns dos maiores aumentos de infecção. A região do maior resort naturista da Europa tem foco no hedonismo.

Mas agora as autoridades de saúde, que montaram uma operação de teste móvel, descobriram que 30% dos 800 naturistas testados tiveram resultado positivo.

'Todos nós sabemos porque estamos aqui'

Conhecida como a "vila naturista", o resort é uma comunidade isolada com cerca de uma dúzia de clubes de swing e saunas, bem como discotecas eróticas que têm refúgios para casais.

É claro que nem todos os naturistas são swingers (que trocam de parceiros sexuais) e alguns visitantes preferem o vasto local de acampamento mais silencioso em frente à vila principal.

Mas em Cap d'Agde não há distanciamento social. "Todos estão em contato próximo o dia todo e, é claro, nus", disse um casal que pratica swing à BBC.

"Todos nós sabemos por que estamos aqui. Existem muitos outros acampamentos de naturistas familiares mais tradicionais em outros lugares ao longo da costa, sem os clubes de sexo."

Mesmo fora de temporada, o resort é popular. Todos os anos, centenas de pessoas dão um mergulho tradicional na véspera de Ano Novo(foto: Getty Images)

No auge do verão, a vila atrai cerca de 45 mil pessoas por dia, e a maioria fica lá por uma semana. Também há que visite por um final de semana e ou faça viagem de um dia.

Mas isso era antes da COVID-19.

Como o surto começou

No final de agosto, dois funcionários de um hotel luxuoso na vila testaram positivo para COVID-19.

O dono do hotel admitiu que uma festa obscena havia acontecido na cobertura e que as regras de distanciamento social haviam desaparecido.

"Fomos atingidos duplamente", explicou David Masella, o gerente da "aldeia naturista". "Quarenta por cento de nossos visitantes são estrangeiros, a maioria vem da Holanda e da Alemanha, seguidos por italianos e britânicos."