De acordo com os serviços secretos e militares sul-coreanos, norte-americanos e ucranianos, a Coreia do Norte enviou milhares de soldados a Rússia para treinos de combate na guerra contra a Ucrânia. Um membro do comitê de inteligência parlamentar sul-coreano, Wi Sung-lac, acrescentou ainda que devido ao apoio, Pyongyang recebeu cerca de 200 milhões de dólares, toneladas de arroz e tecnologia espacial do governo russo. Segundo os serviços secretos sul-coreanos, o apoio das tropas norte-coreanas à Moscou pode se basear também na expectativa de que a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA ponha fim à ajuda à Ucrânia.
 
As estimativas são de que o país liderado por Kim Jong-Um tenha enviado entre 10 mil e 12 mil soldados para a Rússia, sendo os primeiros soldados já estejam no campo de batalha na região fronteiriça de Kursk.  
 
O chefe do departamento de contra-desinformação do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Andrii Kovalenko, inclusive afirmou nesta segunda-feia (4), que o grupo de combatentes norte-coreanos posicionados em Kursk foi alvo de fogo.
 
Enquanto isso, a agência de notícias estatal russa TASS informou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniu hoje em Moscou com o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son Hui, segundo informa a agência de notícias estatal TASS.
 
Hui já viajou a capital russa na semana passada, o que tem preocupado o Ocidente com a aproximação e a cooperação militar cada vez mais estreita entre os dois países.
 
Por sua vez, o chanceler da Rússia disse que os Estados Unidos estão preparando a Europa para um envolvimento direto na guerra com a Ucrânia. “Como opção de recurso em caso do regime de Volodymyr Zelensky falhar, eles preparam a Europa para se precipitar numa aventura suicida e entrar num conflito armado diretamente com a Rússia”, apontou Sergei Lavrov, citado pela agência russa RIA Novosti.
 
Lavrov reiterou ainda que o Kremlin nunca recusou entrar em diálogo com o Ocidente, mas defendeu que as propostas que chegaram até agora à Rússia não defendem os interesses nacionais.
 
Por outro lado, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, visitou hoje Seul, diante da crescente tensão e preocupação com a participação de tropas norte-coreanas na guerra da Ucrânia. “A agressão da Rússia contra a Ucrânia é uma ameaça existencial. A Coreia do Sul é o país mais bem posicionado para compreendê-la. Estamos unidos no nosso apoio à Ucrânia. Encorajei-os a intensificarem o seu apoio”, disse Borrell após um encontro com o Ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong Hyun.
 
Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou para uma escalada muito arriscada em meio às notícias de que a Rússia enviou tropas norte-coreanas para combater na Ucrânia. “Isto pode representar uma escalada muito perigosa da guerra na Ucrânia. Tudo deve ser feito para evitar a internacionalização do conflito”, indicou Guterres.