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string(101) "Com segurança instável e em meio à pandemia, Papa Francisco chega ao Iraque para viagem histórica"
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"A visita do papa é importante. Se Deus quiser, os esforços para reconciliar as religiões terão resultados, principalmente para os cristãos. Espero que ele promova a paz aqui, porque pertencemos todos a este país, somos todos irmãos, muçulmanos e cristãos", afirma Ahmed, de 36 anos.
Antes da chegada do pontífice, as autoridades iraquianas reformaram todos os locais que ele visitará. A iniciativa não passou despercebida pelos moradores da capital, que reagem com ironia.
"Hoje tem até mesmo energia elétrica na cidade antiga de Ur porque o papa vai visitá-la. Esperamos quatro mil anos para que isso acontecesse! Muito bem, de repente o governo resolveu se preocupar com os monumentos históricos e com as relações entre as religiões", diz um morador que preferiu não se identificar.
Outros cidadãos estão apreensivos com a chegada do religioso porque acreditam que não há segurança suficiente. É o caso de Fatima, uma iraquiana que mora nos Estados Unidos e está de passagem por Bagdá.
"É uma loucura e muito preocupante. Até eu, que sou iraquiana, tive medo de voltar aqui. Mesmo alguns minutos antes de embarcar no meu voo, pensei seriamente em cancelar a viagem", conta.
Ansiedade dos cristãos
A chegada do papa é particularmente esperada pela comunidade cristã do Iraque, que vem diminuindo nos últimos anos. Em Erbil, onde Francisco celebrará uma missa, Artemis e sua irmã, Um Fadi, ambos na faixa dos 50 anos, ainda não acreditam na vinda do líder religioso.
"Ver o papa era o desejo de meu pai e meu marido. Na época em que estavam vivos, o papa queria visitar o Iraque, porém a viagem foi anulada por falta de segurança. Ele vai chegar hoje, mas tememos que algo possa acontecer com ele", diz.
De fato, o papa João Paulo II deveria ter ido ao país em 1999. Na época, o sumo pontífice expressou seu desejo de visitar a terra onde, segundo a Biblía, nasceu Abraão, patriarca das religiões judaica, cristã e muçulmana. No entanto, o peso da diplomacia foi mais forte. Os Estados Unidos fizeram pressão para dissuadir o polonês de pisar no solo dirigido por Saddam Hussein, que era o inimigo número 1 de Washington.
No oeste, Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, se prepara há semanas para a visita de Francisco. Segundo Abouna George, um dos padres do local, o evento é de extrema importância. "Isso traz esperança e entusiasmo a todo o povo iraquiano, que tanto sofreu", afirma.
Para Sammar, moradora de Qaraqosh, a viagem do papa ao Iraque pode ser decisiva para os cristãos do país. "Isso pode ter efeito na permanência dos cristãos e se eles serão considerados ou não dignos aqui", avalia.
Mais à leste, em Mossul, cidade destruída pela guerra empreendida contra o grupo Estado Islâmico, restam apenas uma dezena de cristãos. Em 2003, havia 45 mil cidadãos pertencentes a essa minoria, vítima de perseguição no Iraque. Sabah Aziz Ibrahim é um dos que conseguiu sobreviver à matança promovida pelos jihadistas: "Gostaria de transmitir boas notícias ao papa, de dizer para ele que é seguro aqui e tudo o que aconteceu é passado".
Mensagem de reconciliação
A vinda de Francisco mobilizou um alto esquema de segurança. Há dois dias, uma chuva de foguetes foi atirada contra uma instalação militar americana no país. Mas isso não desmotivou o pontífice, que confirmou sua viagem e aterrissa nesta sexta-feira (5) em solo iraquiano.
Na véspera de sua saída do Vaticano, na quinta-feira (4), o líder religioso enviou uma mensagem forte aos iraquianos, evocando "os anos de guerra e terrorismo" e fazendo um apelo "em prol da reconciliação". "Quero tanto encontrá-los, ver seus rostos, visitar a terra de vocês, berço de uma civilização extraordinária", afirmou, em um vídeo.
No entanto, o encontro com o papa será virtual para a maioria da população, que deverá se contentar em vê-lo pela televisão. Desde a noite de quinta-feira, o país foi colocado sob um rígido lockdown devido às mais de cinco mil contaminações diárias por coronavírus.
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"A visita do papa é importante. Se Deus quiser, os esforços para reconciliar as religiões terão resultados, principalmente para os cristãos. Espero que ele promova a paz aqui, porque pertencemos todos a este país, somos todos irmãos, muçulmanos e cristãos", afirma Ahmed, de 36 anos.
Antes da chegada do pontífice, as autoridades iraquianas reformaram todos os locais que ele visitará. A iniciativa não passou despercebida pelos moradores da capital, que reagem com ironia.
"Hoje tem até mesmo energia elétrica na cidade antiga de Ur porque o papa vai visitá-la. Esperamos quatro mil anos para que isso acontecesse! Muito bem, de repente o governo resolveu se preocupar com os monumentos históricos e com as relações entre as religiões", diz um morador que preferiu não se identificar.
Outros cidadãos estão apreensivos com a chegada do religioso porque acreditam que não há segurança suficiente. É o caso de Fatima, uma iraquiana que mora nos Estados Unidos e está de passagem por Bagdá.
"É uma loucura e muito preocupante. Até eu, que sou iraquiana, tive medo de voltar aqui. Mesmo alguns minutos antes de embarcar no meu voo, pensei seriamente em cancelar a viagem", conta.
Ansiedade dos cristãos
A chegada do papa é particularmente esperada pela comunidade cristã do Iraque, que vem diminuindo nos últimos anos. Em Erbil, onde Francisco celebrará uma missa, Artemis e sua irmã, Um Fadi, ambos na faixa dos 50 anos, ainda não acreditam na vinda do líder religioso.
"Ver o papa era o desejo de meu pai e meu marido. Na época em que estavam vivos, o papa queria visitar o Iraque, porém a viagem foi anulada por falta de segurança. Ele vai chegar hoje, mas tememos que algo possa acontecer com ele", diz.
De fato, o papa João Paulo II deveria ter ido ao país em 1999. Na época, o sumo pontífice expressou seu desejo de visitar a terra onde, segundo a Biblía, nasceu Abraão, patriarca das religiões judaica, cristã e muçulmana. No entanto, o peso da diplomacia foi mais forte. Os Estados Unidos fizeram pressão para dissuadir o polonês de pisar no solo dirigido por Saddam Hussein, que era o inimigo número 1 de Washington.
No oeste, Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, se prepara há semanas para a visita de Francisco. Segundo Abouna George, um dos padres do local, o evento é de extrema importância. "Isso traz esperança e entusiasmo a todo o povo iraquiano, que tanto sofreu", afirma.
Para Sammar, moradora de Qaraqosh, a viagem do papa ao Iraque pode ser decisiva para os cristãos do país. "Isso pode ter efeito na permanência dos cristãos e se eles serão considerados ou não dignos aqui", avalia.
Mais à leste, em Mossul, cidade destruída pela guerra empreendida contra o grupo Estado Islâmico, restam apenas uma dezena de cristãos. Em 2003, havia 45 mil cidadãos pertencentes a essa minoria, vítima de perseguição no Iraque. Sabah Aziz Ibrahim é um dos que conseguiu sobreviver à matança promovida pelos jihadistas: "Gostaria de transmitir boas notícias ao papa, de dizer para ele que é seguro aqui e tudo o que aconteceu é passado".
Mensagem de reconciliação
A vinda de Francisco mobilizou um alto esquema de segurança. Há dois dias, uma chuva de foguetes foi atirada contra uma instalação militar americana no país. Mas isso não desmotivou o pontífice, que confirmou sua viagem e aterrissa nesta sexta-feira (5) em solo iraquiano.
Na véspera de sua saída do Vaticano, na quinta-feira (4), o líder religioso enviou uma mensagem forte aos iraquianos, evocando "os anos de guerra e terrorismo" e fazendo um apelo "em prol da reconciliação". "Quero tanto encontrá-los, ver seus rostos, visitar a terra de vocês, berço de uma civilização extraordinária", afirmou, em um vídeo.
No entanto, o encontro com o papa será virtual para a maioria da população, que deverá se contentar em vê-lo pela televisão. Desde a noite de quinta-feira, o país foi colocado sob um rígido lockdown devido às mais de cinco mil contaminações diárias por coronavírus.